Eu arrumei minhas coisas, ainda era por volta das seis da tarde. Não liguei novamente para minha mãe e também não ligaria mais. Pra mim tanto faz como tanto fez se ela está babando o Carlos ou não. Olhei bem pros lados e percebi que o meu quarto estava uma bagunça, coloquei minha mala em cima da cama, peguei uma folha de papel na qual eu havia escrito algumas coisas e sai do quarto.
Pegaríamos
o avião as 20 horas, levava mais ou menos uns 50 minutos até floripa. Fábio
estava sentado no sofá comendo salgadinhos de queijo, aqui em casa mal entrava
comida de verdade, eu passava a maioria do tempo fora e ele nem se preocupava
em comprar nada que prestasse de verdade.
Me
sentei ao lado dele que olhava fixamente para televisão.
-
não está chateado está? – perguntei
-
não – respondeu com a boca cheia
Eu
coloquei a mão no saco e peguei uns salgadinhos.
-
ainda bem, achei que estava chateado por eu te colocar nessa enrascada – falei
Ele
continuou olhando para a televisão, eu olhei e estava passando um filme de
comedia sexual, terrível por sinal.
-
deixa eu te falar, eu fiz uma lista com coisas sobre mim sabe, pra caso alguém
pergunte não parecer tão fake – falei
-
não preciso disso – falou olhando para a televisão
-
vai te fuder Fábio, quer saber, esquece essa porra, estou falando com você e
não com a televisão caralho. É melhor você nem ir, fica por aqui mesmo idiota –
falei levantando
-
para de drama – gritou
-
drama é o caralho, qual é velho, primeiro tu diz que vai me ajudar e agora fica
de sacanagem com a minha cara? Olha quer saber? É melhor eu ir sozinho – falei
voltando ao meu quarto e batendo a porta.
Peguei
meu celular e disquei o número da minha mãe, estava começando a chamar quando o
celular foi tomado da minha mão.
- me
devolve essa porra – gritei
-
cala a boca – ele disse desligando
- me
devolve Fábio, para de idiotice – falei
-
está bom, me desculpa vai. É que eu estou grilado com esse negócio cara, vai
que teu pai resolve brigar comigo, eu vou ficar onde se não conheço mais
ninguém que more em floripa? Sem contar que esse negócio de me passar por gay é
complicado – falou
-
então por que aceitou me ajudar em? – perguntei
-
por que amigos são pra essas coisas e quando precisei de ajuda com aquela
parada da Vanessa você me ajudou – ele falou
-
ninguém mandou sair por ai engravidando as meninas da facul – falei
-
olha cara é estranho, mas eu vou te ajudar, sem grilo – falou
-
olha só, se for pra falar que vai me ajudar e depois mal fala comigo, é melhor
deixar isso quieto – falei
-
fica sussa. Só que quero ajuda pra arrumar minhas coisas – falou
-
tudo bem, folgado – falei
Ele
deu um soco no meu braço que só faltou arranca-lo fora. Eu o xinguei e ele saiu
correndo e se enfiou no banheiro que ficava uma porta depois do seu quarto. Eu
entrei no quarto dele e peguei uma bolsa grande que tinha dentro do guarda
roupas, comecei a colocar algumas peças de roupas dentro e logo abri uma gaveta
que estava cheia de cuecas, umas mais gastas, outras novas, cuecas box e slip,
bem apertadinhas daquelas que naquele corpo marcava o pau e a bunda
perfeitamente. Assim que eu ia pegar nelas eu ouvi a porta do banheiro bater e
a fechei, ele entrou dentro do quarto pelado secando os cabelos.
-
valeu ai, eu coloco o resto – falou me olhando
- tu
fez essa tatoo nova quando? – perguntei olhando para a coxa dele que tinha uma
flecha como tatoo.
-
semana passada – falou
- eu
vou indo, vou tomar banho – falei
Sai
do quarto dele e entrei no meu, peguei minha toalha e logo entrei no banheiro.
Tranquei a porta e me despi, abri o chuveiro e cai debaixo, comecei a me
ensaboar e logo ouvi vozes no corredor. Desliguei o chuveiro para escutar
melhor e logo as vozes sumira. Me lavei e logo sai do banheiro enrolado na
toalha, assim que sai eu ouvi um barulho vindo do quarto do Fábio, encostei os
meus ouvidos curiosos perto da porta e uma mulher gemia feito puta de filme
pornô, estava tão alto os gritos dela que fiquei com medo do sindico do prédio
vir chamar a atenção novamente.
Sim,
isso já aconteceu algumas vezes e fomos chamados a atenção, e o pior de tudo, a
vergonhava ficava na minha cara que sempre levava a reclamação pelo barulho
horroroso que incomodava os vizinhos.
Entrei
pro meu quarto, me sequei, coloquei uma bermuda e calcei meus sapatos, fiquei
sem camisa mesmo e coloquei o meu computador na mochila, peguei meu celular e
nenhuma mensagem, ligação ou sinal de fumaça, nada. Parece que esqueceram de
mim.
Já
estava quase na hora de saímos, fechei a porta do quarto e coloquei a mala na
sala, fui até o quarto do Fábio e bati na porta chamando por ele que abriu a
porta pelado.
-
caralho velho, está fazendo o que pelado ainda? – falei
-
tive um imprevisto – falou rindo
-
sei, desde quando sexo é imprevisto? Anda logo que vamos perder o voo – falei
- só
vou pôr a bermuda e calçar os sapatos – falou vestindo a cueca
Eu
fiquei esperando ele na sala que depois de cinco minutos apareceu. Trancamos
tudo e pegamos um taxi que demorou longos vinte e três minutos até o aeroporto,
chegamos em cima da hora. No avião foi silencio total, apenas fechei os meus
olhos e deixei tudo acontecer, acabei cochilando.
Acordei
com o Fábio me chamando, na verdade ele estava me esmurrando mesmo, eu olhei
para ele e dei um murro em sua perna.
-
ficou louco? – perguntou
-
não é assim que se acorda alguém não – falei bravo
Saímos
do avião, pegamos nossas coisas e caminhamos em direção a saída, Fábio segurava
a mala dele com uma mão e caminhava ao meu lado, de longe eu vi minha mãe,
quase surtei por que eu falei com ela que chegaria amanhã cedo, como foi que
ela ficou sabendo? E com ela estavam o João e meu pai.
Assim
que eu os vi, peguei na mão do Fábio e cruzei meus dedos nos dele que soltou.
-
que porra é essa? – perguntou
-
meus pais estão bem ali na frente, - falei
-
caralho, começou cedo em – falou segurando minha mão
-
sorria, e quando perguntarem, estamos juntos a seis meses – falei
-
não vão perguntar nada – ele falou
-
pior que vão sim, agora finja que está feliz – falei sorrindo
Estranhamente
caminhamos de mãos dadas até chegarmos perto deles, eu soltei a mão do Fábio e
abracei minha mãe, meu irmão e meu pai em seguida.
-
como sabiam que eu chegaria agora? – perguntei
-
ideia do Carlos, você adora surpreender agente. Que saudades meu filho – ela
falou
-
também mãe. – abracei ela – há, esse aqui é o.... é o Fábio – falei
-
seu amigo? – João perguntou cumprimentando ele
-
não, namorado – falei tenso
Ok,
não poderia ficar pior. Fábio cumprimentou ele com um aperto de mão forte que o
João ficou sem graça, minha mãe beijou a bochecha dele e o meu pai o abraçou
sorrindo. Não entendia por que estavam sorrindo, menos o João é claro.
-
vamos, eu preparei uma surpresa para vocês – minha mãe falou
- o
que será em? – perguntei
Caminhamos
em direção ao estacionamento. Entramos no carro do João e fomos em direção a
casa dos meus pais. O clima estava estranhíssimo, pior, estava terrível demais,
eu estava começando a ficar com medo não só de mim mesmo como da situação.
Quando
chegamos em casa minha mão não parou de falar. Entramos e ela sempre
conversando sobre o que eu perdi nesses dois últimos anos e tudo mais. Ela
abriu a porta de casa e eu logo corri para abraçar a Dani quando a vi, estava
linda;
-
que saudades de você mulher – falei
-
também, morrendo de saudades dos seus dramas – falou rindo
Apresentei
ela ao Fábio que ficou olhando pra ela e sorrindo feito bobo, cocei a cabeça um
pouco.
- eu
mandei arrumar o quarto de hospedes é maior e vocês vão poder ficar juntos, tem
uma cama de casal lá para vocês – minha mãe falou
-
não precisava mãe, meu quarto estava ótimo – falei
-
que nada, o Carlos me ajudou e disse que seria ótimo um casal ficar juntos –
ela falou rindo
-
tudo tem o Carlos no meio não é? – falei
-
então Fábio, no que você trabalha? – João perguntou
-
advocacia – falou
-
você é advogado? – perguntou
-
ainda estou na faculdade, mas trabalho no escritório do meu tio – falou
-
legal. E quantas tatuagens você tem? – perguntou
-
João, quer parar por favor? Por que quer saber das tatuagens do Fábio? –
perguntei
-
homens que usam tatuagens e brincos geralmente não levam nada a sério, só
querem curtição – falou
-
bom, o clima começou a ficar pesado, vamos parar por aqui e larga de
preconceito besta. Vamos subir Binho – falei
Ele
pegou as duas malas e subimos as escadas, seguimos no corredor e eu abri a
porta do quarto, entramos e eu tranquei a porta.
-
seu irmão é mau encarado – ele falou
- eu
sei, ele é muito ciumento e chato as vezes, expulsou daqui de casa todos os
namorados da Dani – falei
-
sua irmã é muito gostosa – falou se jogando na cama
Eu o
olhei sério.
-
qual é, ela é gostosa demais, fico louquinho só de ver uma mina assim – falou
rindo
-
pode ir parando por ai que antes de você começar a sonhar eu destruo todas as
suas chances de ter algo com a Dani, e aqui você é gay – falei rindo
- se
sua irmã quiser, eu viro hétero na hora – falou rindo
-
idiota – falei
- vamos
ter que dormir na mesma cama? – perguntou
-
está vendo outra aqui? Pelamor né – falei
-
vou logo avisando, nada de ficar pegando em mim a noite e eu gosto de dormir
pelado, mas nem pense em pegar no meu pau ou na minha bunda – falou
-
fica tranquilo, você é a última pessoa que eu pensaria em pegar no mundo –
falei
- e
por que isso? – perguntou
-
primeiro, somos amigos, segundo, você é muito exterior e menos interior, então,
não rola – falei tirando a camisa
-
sei... pelo menos tem banheiro aqui dentro do quarto. Eu não sabia que a sua
casa era grande assim – falou
-
meu pai é sócio de uma empresa de alimentos, digamos que temos algumas
coisinhas – falei
-
sei, gostei da sua mãe, uma figura ela – falou
-
verdade, apesar de que fala demais as vezes – falei
Eu
tirei a bermuda e olhei para trás, ele estava somente de cueca com a roupa
jogada ao lado da cama. Estava com o corpo estirado na cama. Bateram na porta e
eu caminhei em direção a ela, abri devagar deixando um pequeno espaço apenas
para o meu rosto, logo a porta foi empurrada.
-
fiquei tão ansioso que vim logo ver você – Carlos falou entrando no quarto
-
educação está faltando né – falei
-
nossa, quem é essa coisa linda ai na cama? – perguntou olhando o Fábio.
Cara, estou apaixonado pela sua história. Logo de início você já desperta vários sentimentos diferentes e a cada capítulo a coisa fica mais intensa. Não tem como não rir, querer dar na cara do Carlos, torcer pra que o protagonista e o Fábio se acertem e coisas do tipo... Comecei a escrever um romance gay mas ainda tenho uns 10 capítulos pra terminar, e esse seu tá me deixando bem inspirado. Muito bom!
ResponderExcluir