segunda-feira, 2 de junho de 2014

Meu Hétero Favorito - Capitulo 3



Quando na nossa vida aparece aquela pessoa que não suportamos, tudo o que ela faz, tudo o que ela fala chega a dar raiva e nojo. Mas, a verdade é que sempre estamos tentando superá-la de alguma forma, ser melhor, querendo ou não passa esse pensamento em nossa mente.

- vai me apresentar o seu amigo Davi? – Carlos perguntou
- é o... o.... o meu namorado – falei
- não brinca? – ele começou a rir – sério mesmo? – completou
- acha que eu estou com paciência para está inventando algo? – perguntei
- muito prazer, me chamo Carlos Eduardo Moraes – falou estendendo a mão ao Fábio que apertou
- Fábio – falou seco
- eu acho que está na hora de você se mandar não é? – falei puxando ele
O empurrei para fora do quarto e fechei a porta antes que ele dissesse mais alguma coisa. Tranquei a porta.

- meio intrometido ele não é? – Fábio perguntou
- meio não, completamente, e o pior de tudo é que os pais dele moram a três casa daqui, é um inferno isso – falei
- relaxa, já estamos aqui então não dá para fugir – falou
- e o pior de tudo é que ele não é feio, a vontade que eu tenho é de me dopar para não acordar mais – falei

- velho, tu está parecendo aquelas mulheres histéricas e de TPM, relaxa porra – falou
- eu vou tomar banho, o que eu mais quero agora é relaxar mesmo ou eu vou acabar enfartando – falei
- tem certeza que entre você e esse Carlos ai não aconteceu nada? – perguntou
- jamais, bate na madeira – gritei do banheiro
- eu acho que isso é amor – falou
- que Deus não lhe ouça viu. – falei entrando no chuveiro.

 A última coisa que eu queria no mundo era ter gente falando que entre mim e o Carlos poderia acontecer alguma coisa. Toda vez que eu o via é como se parte da minha infância tivesse voltado, toda aquela nostalgia, o desespero que me dava sempre que ele aparecia com os amigos terroristas dele e o tanto que ele mudou. Carlos parecia aqueles homens marrentos que só sabem brigar e bater nos outros e quando a adolescência chegou, ele liberou a franga que havia dentro dele e deixou ela do lado de fora.
Se eu disser que tive uma bela infância eu estaria mentindo. Na quinta série, fiquei de fazer uma atividade em grupo, a professora havia me colocado no grupo do Carlos e eu fiquei animado pois eu gostava muito das aulas de artes. Apareci na casa daquele infeliz e fizemos o trabalho, no dia seguinte na escola ele rasgou todo o meu cartaz e entregou outro a professora dizendo que eu não havia ajudado em nada.

Confesso que chorei muito, muito mesmo. Fiquei com medo da professora brigar comigo e da minha mãe vir me castigar por algo que ano fiz, chorei tanto que acabei ficando com febre. Esse dia eu não esquecerei jamais, foi o dia em que o calor iniciou o meu desprezo por ele.

No primeiro ano do ensino médio, a escola promoveu uma amostra cientifica e cultural onde cada turma pegaria um tema especifico para montar um stand e falar sobre esse tema. Minha turma ficou com o tema da Revolução industrial, estávamos pensando em fazer todo um stand com maquinários e fotografias, uma coisa bem elaborada.
No dia da apresentação ele apareceu querendo ver o stand, as meninas mostraram a ele que riu horrores e antes de sair ele jogou colar glitter e todas as fotos e maquinas do stand, manchou tudo. Eu fiquei com tanta raiva que voei em cima dele o bati nele sem olhar o que estava fazendo. Resultado, perdi meus pontos, fui suspenso por duas semanas e perdi as provas, ele foi suspenso também mas acabou deslocando um braço na queda.
Em casa eu levei uma surra do meu pai, minha mãe me deixou de castigo e ainda me fez pedir desculpas a ele. Quando eu digo que o Carlos não gente que preste, ninguém acredita em mim.

Eu sai do banheiro já com o short de dormir vestido. Coloquei uma regata e sequei meus cabelos, ajeitei ele e logo o Fábio entrou no banheiro para tomar banho também.
Eu coloquei minha bolsa em cima da cama e comecei a tirar as coisas de dentro e colocar no guarda-roupas, coloquei as coisas pessoais na cômoda. Peguei a bolsa do Carlos e fiz o mesmo, mas o pior de tudo foi pegar nas cuecas dele para colocar na gaveta, só tinha cueca box lá, não havia nenhuma cueca comum ali.
Assim que eu coloquei a última cueca na gaveta e fechei ela, ele saiu do banheiro com o pau balançando e secando o cabelo, fui certo em direção a bolsa em cima da cama e a abriu, me olhou e eu apontei para o guarda-roupas.

- já que vamos passar algumas semanas aqui, não iria deixar as coisas nas bolsas né – falei
- qual o meu lado? – perguntou
- direito – falei
Ele abriu e viu as roupas dobradas e as cuecas nas gavetas do guarda roupas. O cheiro do seu sabonete estava forte e muito bom misturando com o cheiro da pele dele. Caminhei em direção a porta e a abri.
- eu vou descer, termina ai que eu acho que minha mãe preparou algo para comermos – falei
- valeu – falou pondo a cueca
Eu sai e fechei ela. Desci as escadas e eles estavam sentados na sala conversando, inclusive o Carlos.
- do que estão rindo? – perguntei me aproximando
- bobagens do João – minha mãe falou
- Davi eu quero te perguntar algo. O que deu em você para arrumar um namorado assim? Tem certeza que esse cara gosta de você? – João perguntou
- não vai começar né? Não tem nem uma hora que eu cheguei e você já está querendo que eu vá embora é isso? Pelo amor de Deus João, já não basta ter expulsado todos os namorados da Dani daqui de casa, agora tem que encher o meu saco – falei
- desde quando é proibido querer proteger os irmãos? – ele falou
- você deveria agradecer por ter um irmão como o João – Carlos falou
- Carlos, pelo amor de Deus, não sei nem o que você está fazendo aqui ainda e a não se que o João tenha saído do armário e ninguém saiba, você não tem chances com ele ainda mais com esse seu jeito de frango pisado depois do carnaval. Para de querer fuçar a vida dos outros e vá ser feliz – falei
- Davi, isso é jeito de falar? Você deve desculpas ao Carlos – meu pai repreendeu
- não devo nada a ele. Eu mal cheguei aqui e vocês já estão me tratando como se eu não fosse da família, estão falando mal do meu namorado pelas minhas costas, criticando, julgando por que ele tem tatuagens e usa brincos? Eu não tenho mais 15 anos de idade e se continuarem assim, eu vou embora amanhã e só venho aqui novamente daqui a 10 anos – falei irritado

- não precisa ficar irritado filho. Olha, eu vou preparar algo para vocês comerem e vamos encerrar esse assunto – minha mãe falou
- esquece mãe, eu vou pedir uma pizza; boa noite para vocês – falei subindo as escadas.
Fábio estava descendo quando eu subia.
- volta, acho melhor não descer – falei
- por que? Não íamos comer? – perguntou
- depois eu explico. Vou pedir uma pizza e comemos no quarto, é melhor do que ter que continuar discutindo com o meu irmão – falei
Voltamos para o quarto e eu fechei a porta;
- ele implicou mesmo com minhas tatuagens não foi? – ele perguntou
- foi – falei
- se quiser eu posso ficar em um hotel ou pensão tanto faz – falou
- deixa de bobagem, o João nem mora aqui, além do mais ele é assim mesmo, tem ciúmes tanto de mim como da Dani. – falei
- sério mesmo, se for pra vocês ficarem brigando é melhor eu vazar – ele falou
- que vazar o que. Deixa pra lá – falei pegando meu celular

Pedi uma pizza e refrigerante. Sentamos na cama e esperamos chegar enquanto assistíamos televisão, cada um de um lado da cama. Ouvi o barulho da campainha e me levantei, peguei o dinheiro na carteira e desci as escadas, eles permaneciam sentados na sala.
- deve ser a pizza – falei fazendo o João sentar

Caminhei em direção a porta e a abri.

- não demorou e.... Henrique? – falei olhando para frente
- o Carlos está por aqui? – perguntou me olhando
Ele mantinha as mãos no bolso. Carlos logo apareceu ao meu lado na porta, se aproximou dele e o beijou na boca envolvendo seus braços no pescoço dele.
- demorou em amor – Carlos falou
- amor? – eu ri um pouco
- há, Davi, o Henrique é meu noivo – ele falou me olhando
- oi Davi, quanto tempo – ele falou
- vocês dois? Noivos? Isso é algum tipo de piada? – perguntei
- claro que não. Nos apaixonamos e ele me pediu em casamento a alguns meses atrás – Carlos falou

Fiquei sem chão. Henrique foi meu primeiro namorado. Eu tinha por volta dos 16 anos, fui na minha primeira festa sozinho e o vi dançando na pista. Um cara branquinho, calos lisos cortados baixo e penteado para cima, olhos castanhos e um jeitinho safado no rosto.
Ficamos a primeira vez, a segunda e o que era apenas uma curtição virou um relacionamento sério, nos apaixonamos rápido e foi por causa dele que eu me assumi aos meus pais que até então não sabia que eu curtia homens.
Nós terminamos por que ele me traiu com outro cara em uma festa de carnaval, ele botou a culpa na bebida e no mundo, mas eu não cai, na verdade eu cai no choro como sempre faço quando algo me acontece, chorei litros e litros.

- nossa, que surpresa. Só falta me dizer que se encontraram no carnaval – falei
- na verdade foi em uma sauna – falou rindo
- adoraria ouvir a história completa, mas minha pizza chegou – falei caminhando em direção ao rapaz que saia da moto
Paguei a pizza e voltei andando.
- noite da pizza – Henrique falou me olhando
- é, noite da pizza. Foi bom te ver novamente Henrique, mas tenho que ir, meu namorado está me esperando no quarto – falei

Sai andando, deixei uma caixa de pizza com o João e subi com a outro e os refris. Abri a porta do quarto e a empurrei com o pé, Fábio levantou da cama e pegou a pizza na minha mão, tranquei a porta do quarto.

- o que aconteceu? Que cara é essa? – perguntou mordendo uma fatia da pizza
- acabei de ficar sabendo que o noivo do Carlos é o meu ex namorado – falei me sentando na cama e entregando uma latinha a ele que começou a rir
- não brinca? – perguntou
- estou falando sério. Para de rir – falei
- tua vida é de longe a mais hilária, toda hora aparece uma coisa nova – falou
- entendeu agora o por que deu ter te pedido ajuda? – falei
- depois dessa, totalmente.

Comemos a pizza, quer dizer, ele comeu. Eu comi duas fatias, ele comeu oito das dez. Logo voltamos a assistir tranquilamente, estava passando a reprise do pânico que passa toda sexta à noite. As horas começaram a passar, eu tirei minha camisa e fiquei somente com o short fino de dormir. Acabei cochilando ali mesmo.
Na manhã seguinte eu abri os meus olhos devagar, o quarto ainda estava meio escuro, me mexi um pouco e percebi que parte do meu corpo estava em cima do corpo do Fábio, estávamos enrolados de edredom e minha perna estava entre as dele enquanto minha mão estava em seu peito.

Comecei a me mover devagar para sair daquela armadilha perigosa, mas o braço dele estava debaixo da minha cabeça, quando eu me movi ele puxou o braço e acordou me olhando. Assim que percebeu o que estava acontecendo ele se moveu rápido para trás e caiu da cama.  
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