Eu sei
que eu já mencionei várias coisas do Fábio aqui, que ele é chato, insuportável
e até carinhoso as vezes, mas, o que me irrita de verdade é a mania dele de não
se importar com as coisas, quer dizer, o fato dele não estar nem ai.
Como
ele mesmo diz, o que foi feito, feito está e não se pode voltar atrás, mas
nesse caso, eu é que queria voltar atrás, continuem me achando idiota, bobo,
sem noção por não aproveitar, mas eu sou assim, sempre penso no que pode e o
que não pode acontecer, é uma coisa minha e nesse caso eu fico ainda mais
preocupado.
É
normal, ainda mais quando vemos situações diferentes em diferentes pessoas,
mesmo não nos importando muito, estamos sempre buscando uma maneira de levar
isso, tipo, o que acontece com outras pessoas, é uma forma de abrimos os olhos
para o que está e não está acontecendo.
Essa
coisa de amigo hétero tendo “relações” com o amigo gay, é algo tão clichê, que
já vi e ouvi várias vezes, mas nunca pensei que aconteceria comigo, não com o
Fábio. Na verdade a nossa vida é um ciclo, um ciclo que dá voltas e voltas e
repete as mesmas situações com várias pessoas, é uma coisa complicada e confusa
demais, ainda mais para explicar.
Quando
o Fábio finalmente saiu do banheiro, molhado, com agua escorrendo pelo seu
corpo grande e másculo, cabelos molhados, toalha enrolada na cintura, parou...
É quase impossível não olhar pra aquele corpo, não que eu seja um tarado,
talvez um pouquinho só, mas sinceramente, quem não olharia, até o mais hétero
dos héteros olharia e se vacilasse com certeza babaria.
Ele
me olhou de forma sínica, eu digo sínica pois aquele reação dele não era
normal, ainda deu um sorriso de leve e secou o corpo, colocou uma cueca, virou
o rosto para trás e perguntou se eu não iria tomar banho.
Quando
eu finalmente consegui olhar no relógio já se passava das onze da manhã, entrei
no banheiro e claro que não consegui tomar banho sem pensar nele, e sem sentir
também pois aquela cobra que ele carrega no meio das pernas me deixou todo
moído, judiou do meu corpo e abusou, mas não dá pra negar que eu adorei. Acho
que o primeiro sentimento é sempre o de negação.
Quando
saí do banheiro, ele não estava no quarto, a cama continuava bagunçada e
melada, eu estava vestindo minha cueca quando a porta do quarto se abriu, achei
que fosse o Fábio e continuei vestindo, me virei e dei de cara com o Henrique
me olhando.
-
é.... me desculpa eu...e....eu achei que poderia entrar – falou sem graça
-
sem problemas. O que quer? – falei ajeitando a cueca no corpo
-
vim... vim te pedir desculpas pelo o que o Carlos fez, só queria me desculpar e
dizer que você continua convidado para a festa e o casamento – falou
-
não sei se é uma boa ideia, até por que, o calos é a noiva né, deixou bem claro
que eu estava desconvidado – falei
-
Davi, eu sei que essa briga entre vocês já tem anos, mas acho que está na hora
de crescer. Além do mais você é uma pessoa importante pra mim – falou sorrindo
Confesso
que ele estava bonitinho com os braços cruzados, sem graça, totalmente sem graça
por eu estar de cueca ali. Vale ressaltar que tenho as nádegas bem volumosas,
até que eu gosto, chama a atenção, até por que, não sei se falei, mas eu já fui
“cheinho”, mas acabei ficando com medo de engordar e emagreci.
- eu
vou pensar, sério mesmo – falei
-
tudo bem, eu... eu espero ver você hoje à noite – falou sorrindo
-
tudo bem – falei
Ele
ficou ainda me olhando e logo saiu do quarto fechando a porta devagar. Coloquei
uma roupa e desci, Fábio estava sentado conversando com meu pai e o que mais me
chamou a atenção foi o fato do meu irmão está junto, e o pior de tudo, rindo.
Ai
as pessoas perguntam, o seu irmão está sempre lá? Sim, quase todos os dias e
finais de semana ele está lá na casa dos meus pais, apesar de morar com a
namorada dele, sempre que dá ele está lá enchendo o saco, mas o pior de tudo é
que minha mãe gosta de ter os filhos perto, então eu não posso reclamar.
João
além de ser bruto e totalmente estupido, ele é carinhoso com nossos pais, o que
de fato é algo bom pois eu sei que ele não faria nada que pudesse machuca-los,
falo de forma emocional mesmo, por que fisicamente, se ele fizesse isso, eu
amarraria ele, cortaria o pau dele, colocaria pra ele chupar todo o sangue e depois
enfiaria no cu dele. Brincadeira.
Nem
cheguei a descer todas os degraus e já fiquei pensando que estava sendo armado
um complô contra minha pessoa, Fábio e o João rindo no mesmo ambiente? Juro que
fiquei sem entender aquilo, ajeitei minha franja e desci lindo como sempre,
fingindo que nada estava acontecendo quando na verdade até minha sombra estava
desconfiada.
Apareci
e eles logo me olharam, apenas cumprimentei o João e logo fui até a cozinha
onde minha mãe se encontrava. Perguntei da Dani e ela me disse que a cretina da
minha irmã havia ido ajudar o Carlos com a festa de hoje à noite.
Eu
iria deixar meu doce comentário, mas o meu celular tocou, eu peguei e atendi,
era o Breno.
- oi
– falei normalmente, sem culpa
-
oi, tudo bem? – perguntou
-
claro, ótimo – falei
- é
que você não me ligou, sei lá – falou
-
achei que não iria mais acontecer – falei olhando minha mãe que me mirava
-
bom, eu estou voltando para sampa amanhã, não quer sair comigo hoje à noite? se
quiser eu te busco – falou
-
não sei, é complicado, - falei
-
tem compromisso? – perguntou
-
talvez, estou pensando ainda se vou ou não – falei
-
tudo bem.... Se quiser então é só me avisar – falou
-
ótimo, ótimo. Pode deixar – falei
-
beijão – falou
-
outro – desliguei
-
quem era? – minha mãe perguntou
- uma
amiga minha da faculdade – falei
-
hum... sei – ela falou voltando ao fogão
- eu
vou dar uma volta, tomar um ar – falei
-
tudo bem, não demora viu, o almoço está quase pronto – falou
-
tudo bem, não demorarei. – falei levantando
Passei
pela sala e abri a porta da rua, fechei ela e sai. Fiquei do lado de fora na
calçada olhando a movimentação, que por sinal não havia muito. Olhei pra um
lado, pro outro e nada de interessante, até que alguém segura o meu braço;
-
aonde pensa que vai? – Fábio perguntou rindo
-
que susto seu idiota – falei me soltando
-
está devendo? – perguntou
- na
verdade estou sim, e acho que pagarei mais tarde – falei
-
sério? E o que é? – perguntou animado
-
uma despedida com o Breno, ele me convidou para sair hoje à noite e creio que
irei aceitar – falei
-
está de sacanagem né? – perguntou
-
não, por que estaria? Não devo nada a ninguém – falei
-
tem a festa do Carlos hoje à noite – falou
-
que se dane a festa do Carlos, eu não estou afim de ver ele se sentindo a
rainha Elisabeth.
-
sem contar que eu não vou sozinho, nem conheço ninguém lá – falou
-
você conhece o Carlos, a Dani, meus pais, meu irmão e até o Henrique – falei
-
deixa de ser ridículo Davi, estou falando sério – falou
- e eu
também. Você acha mesmo que eu vou deixar de passar a noite com um homem
daqueles pra ir ver o Carlos bancar a Ana Maria Braga casando? Jamais. – falei
-
você não vai, e se quer transar com alguém, tem eu – falou
- o
que há de errado com você? Por que não pode ser como os outros héteros normais?
Pelo amor de Deus – falei
-
você não vai e pronto. – falou
-
você não vai me impedir de ir, e quer saber? Essa palhaçada de namoro de
mentira vai acabar agora – falei virando as costas
Ele
me segurou forte, tão forte a ponto de meu braço doer, ele me puxou e envolveu
um de seus braços em minha cintura, colou seu corpo ao meu.
- eu
já disse que você não vai e pronto – falou
- me
solta – falei
-
não vou soltar não, e quero ver você sair daqui – falou rindo
- me
solta seu jumento, idiota – falei me movendo
- a
vontade que eu tenho é de te morder todo, lamber bem o seu corpo – falou bem
próximo a mim
Eu
tremi, minhas pernas amoleceram, perdi o ar, o chão. Com certeza aquilo era uma
brincadeira, uma provação, câmera escondida, telegrama legal, e eu estava
caindo direitinho, juro que até o meu cu se arrepiou com ele dizendo aquilo,
ali no meio da rua ainda.
Só
senti sua boca chegando perto da minha, sua língua invadindo a minha boca, seu
gosto, e como se a coisa não pudesse ficar pior, enquanto eu me deliciava com
aquele beijo, um idiota que passava de bicicleta me chutou, sim gente, em pleno
século 21, essas coisas acontecem. Eu fui empurrado para cima do Fábio e ele
tombeou, mordeu meu lábio, caiu sentado e eu praticamente por cima da cabeça
dele.
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