terça-feira, 3 de junho de 2014

Meu Hétero Favorito - Capitulo 20



Um dia, sem nem ao menos procurar eu encontrei um trecho de um texto que eu creio ser o perfeito para descrever tal situação:
“Para os erros há perdão. Para os fracassos, chance. Para os amores impossíveis, tempo...
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando. Porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu”

Não tinha palavras para descrever o tamanho da minha decepção, da dor que eu estava sentindo e o pior de tudo era da incerteza, sem saber se tudo aquilo era verdade ou não.
Fábio entrou no quarto me chamando e acho que estava mais que óbvio que algo estava acontecendo ali. Quando ele viu o Cássio também estava ali.
- o que foi? – perguntou me olhando
- me desculpa Fábio, me desculpa – Cássio falou saindo do quarto
- o que foi que ele fez? Ele fez alguma coisa com você? – ele perguntou
- não, comigo não, mas com você parece que sim né – falei
- do que você está falando? – perguntou
- estou falando do fato dele ter me dito que vocês transaram, que vocês transaram Fábio – gritei

Ele ficou assustado, fechou a porta do quarto e me olhou.
- olha, posso te explicar – falou
- me diz que não é verdade, ou me diz que foi antes de começarmos a namorar – falei
- não vou mentir pra você – falou se aproximando de mim
- não toca em mim – falei
- me escuta – falou
- escutar o que? Você me dizer que fudeu com seu amigo enquanto namorava comigo – falei
- por favor, não precisa gritar está bem? Eu não vou mentir mais para você, não vou fingir que nada aconteceu, só não precisa gritar – falou sentando ao meu lado na cama
- por que você fez isso? Por que? – falei chorando
- foi algumas semanas depois de começamos a namorar, nós brigamos feio e eu acabei indo depois do futebol pra casa do Cássio, nós bebemos, conversamos e acabou acontecendo. Pela primeira vez eu me senti sujo, me senti um lixo por ter feito aquilo com você – falou

Eu comecei a chorar mais ainda, meu peito doía e eu não conseguia controlar o choro.
- depois disso não aconteceu mais nada, eu juro. Olha, eu vou entender se não quiser me perdoar, só não me deixa, eu preciso de você, não chora por favor – falou tentando me abraçar
Eu me levantei. Corri até o banheiro e tranquei a porta, chorei litros lá dentro. Depois eu lavei o meu rosto e sequei. Abri a porta e ele estava sentado no mesmo lugar, ele me olhou com aqueles olhos mareados e com aquele rostinho de quem havia perdido algo muito importante. Eu me aproximei dele.
- bom, eu não vou fazer um escanda-lo aqui, te xingar ou coisa do tipo, até por que ninguém mais merece ter o final do ano estragado. Você não sabe o quanto está doendo, mas eu vou lá fora fingir que estou feliz e depois que todo mundo for embora, eu também vou, pra mim já deu – falei

- não faz isso comigo, não me deixa – falou
- como é que você quer que eu continue com você depois dessa? Se você fez isso uma vez, quem garante que não fará novamente? – falei
- por que eu te amo, quando eu disse que te amo é por que eu realmente amo você, eu briguei por você, apanhei por você e não faria isso nunca mais, nunca – falou
- não dá, - falei
- por favor, fica – falou segurando meu rosto
- me deixa Fábio, me deixa – falei
- eu te amo, eu te amo – falou me abraçando
Me desfiz do abraço dele.
- a câmera está em cima da cama, eu saio em alguns minutos – falei voltando para o banheiro

Tranquei a porta e lavei meu rosto novamente, sequei e passei um pozinho para disfarçar a vermelhidão do rosto, respirei fundo para que a vontade de chorar não voltasse e assim que abri a porta do banheiro eu ouvi as pessoas gritando feliz ano novo do lado de fora, sai do quarto e a Sara veio me abraçando, me beijando.
Tentei fingir o máximo que eu podia. Não estava fazendo isso por mim, nem por ele, apenas pelas pessoas que estavam ali para se divertirem, para rir e ter a certeza de que o novo ano seria bom para todos, não ficar ouvindo brigas e gritos, não poderia estrar a festa de ninguém.
Tive que beija-lo para tirar foto, abraça-lo e aquilo estava doendo dentro de mim, tirei foto com várias pessoas e nelas estava um sorriso que não era meu, um sorriso falso e encomendado.

A festa acabou por volta das seis da manhã, todo mundo cansado e alguns bêbados, caiam sobre o sofá, o chão. A maioria foi embora assim que o sol saiu.
Eu não consegui dormir, fiquei catando os copos que estavam jogados pelo chão, as garrafas e os pratos. Fábio não estava no AP, ele havia saído. Chamei a Sara e resmungando ela levantou, me ajudou a limpar tudo e fizemos um café forte. Contei a ela o que havia acontecido e ela ficou brava por eu não ter dito antes.
Já quase meio dia, até o Sérgio havia ido embora e nos deixado. O Daniel nos ajudou a arrumar toda a sujeira. Não tomei banho nem nada, apenas coloquei algumas roupas em uma bolsa e minhas coisas do trabalho e coisas pessoais e sai com a Sara, iria ficar com ela até as coisas se acertarem.

Na casa dela eu tomei banho. Estava difícil me concentrar em alguma coisa, não estava com raiva, se eu dissesse que estava, estaria mentindo; me deitei na cama dela e enfim eu consegui dormir.
No dia 2 de janeiro, ele me ligou umas cinco vezes, me mandou SMS e eu não respondi, também não estava afim de responder tão cedo.
A tarde nesse mesmo dia eu ouvi a Sara conversando com alguém na sala e fui ver quem era, e lá estava ele pedindo para falar comigo e ela dizendo que não era uma boa ideia, que depois conversávamos, e ele insistindo, não me meti, fiquei apenas escondido.
Já havia se passado quase dois meses desde que havíamos terminado, ele me mandou várias mensagens e como sempre eu não respondi, estava apenas ignorando ele. Já que voltar com ele não seria uma opção, eu resolvi levar minha vida para frente, não chorei feito uma mulherzinha, apenas encarei tudo com realismo, aconteceu o que tinha que acontecer e pronto, não há mais o que fazer;
As aulas na facul voltaram normalmente, eu estava morando com o Sérgio já que ele tinha um quarto vago, levei parte das minhas coisas e ainda haviam várias no AP que deixei para pegar depois.

Lá estava eu, sentado na cantina comendo meu lanche e bebendo meu suco de manga e a uns 30 metros à frente estava ele, conversando com os amigos; Não é drama gente, mas o Fábio emagreceu bastante, fiquei com dó e a vontade que eu estava era de ir até ele e beijar, sentir o cheiro e a voz dele no meu ouvido, mas o orgulho não deixava;
- até quando vai ficar babando ai – Sara falou sentando
- não estou babando – falei
- tenho que concordar que está sim – Daniel falou
- não, não estou – falei
- por que você não conversa com ele, se acerta de vez – ela falou
- não dá, - falei
- claro que dá, e como dá, você sabe que já perdoou ele, já faz meses que estão assim sem se falar. O que ele fez foi errado, claro, mas errar é humano. – falou
- não dá Sara, aposto que se o Daniel fizesse isso com você, ele não teria nem chance de chegar perto – falei

- você sabe que ele já fez coisa pior, já brigamos feio, ele sabe que eu já o trai uma vez e não faria isso novamente, sei o que é precisar do perdão de quem você ama. – ela disse
- olha cara, eu não queria me meter não, mas eu vou falar algo que eu vejo. Você ainda ama ele, e ele ainda gosta de você, não vejo problema em se darem uma nova chance – ele disse

- sabe o que eu vou fazer? Gastar essas calorias na academia – falei me levantando

Dei um beijo na Sara e sai indo para o banheiro. Eu passei perto dele que me olhou e sorriu, mas eu não retribui o sorriso, apenas passei. Entrei no banheiro e depois na cabine, coloquei o pau pra fora e mijei. Dei descarga, ajeitei minha roupa e sai, antes de chegar na pia eu senti alguém me segurar por trás, ele colou sua boca no meu ouvido e sussurrou devagarzinho: - eu ainda te amo. 
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