Um
dia, sem nem ao menos procurar eu encontrei um trecho de um texto que eu creio
ser o perfeito para descrever tal situação:
“Para os erros há perdão. Para os fracassos,
chance. Para os amores impossíveis, tempo...
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode,
que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando. Porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu”
Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando. Porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu”
Não tinha
palavras para descrever o tamanho da minha decepção, da dor que eu estava
sentindo e o pior de tudo era da incerteza, sem saber se tudo aquilo era
verdade ou não.
Fábio entrou
no quarto me chamando e acho que estava mais que óbvio que algo estava
acontecendo ali. Quando ele viu o Cássio também estava ali.
- o que foi?
– perguntou me olhando
- me
desculpa Fábio, me desculpa – Cássio falou saindo do quarto
- o que foi
que ele fez? Ele fez alguma coisa com você? – ele perguntou
- não,
comigo não, mas com você parece que sim né – falei
- do que
você está falando? – perguntou
- estou
falando do fato dele ter me dito que vocês transaram, que vocês transaram Fábio
– gritei
Ele ficou
assustado, fechou a porta do quarto e me olhou.
- olha,
posso te explicar – falou
- me diz que
não é verdade, ou me diz que foi antes de começarmos a namorar – falei
- não vou
mentir pra você – falou se aproximando de mim
- não toca
em mim – falei
- me escuta
– falou
- escutar o
que? Você me dizer que fudeu com seu amigo enquanto namorava comigo – falei
- por favor,
não precisa gritar está bem? Eu não vou mentir mais para você, não vou fingir
que nada aconteceu, só não precisa gritar – falou sentando ao meu lado na cama
- por que
você fez isso? Por que? – falei chorando
- foi
algumas semanas depois de começamos a namorar, nós brigamos feio e eu acabei
indo depois do futebol pra casa do Cássio, nós bebemos, conversamos e acabou
acontecendo. Pela primeira vez eu me senti sujo, me senti um lixo por ter feito
aquilo com você – falou
Eu comecei a
chorar mais ainda, meu peito doía e eu não conseguia controlar o choro.
- depois
disso não aconteceu mais nada, eu juro. Olha, eu vou entender se não quiser me
perdoar, só não me deixa, eu preciso de você, não chora por favor – falou
tentando me abraçar
Eu me levantei.
Corri até o banheiro e tranquei a porta, chorei litros lá dentro. Depois eu
lavei o meu rosto e sequei. Abri a porta e ele estava sentado no mesmo lugar,
ele me olhou com aqueles olhos mareados e com aquele rostinho de quem havia
perdido algo muito importante. Eu me aproximei dele.
- bom, eu
não vou fazer um escanda-lo aqui, te xingar ou coisa do tipo, até por que
ninguém mais merece ter o final do ano estragado. Você não sabe o quanto está
doendo, mas eu vou lá fora fingir que estou feliz e depois que todo mundo for
embora, eu também vou, pra mim já deu – falei
- não faz
isso comigo, não me deixa – falou
- como é que
você quer que eu continue com você depois dessa? Se você fez isso uma vez, quem
garante que não fará novamente? – falei
- por que eu
te amo, quando eu disse que te amo é por que eu realmente amo você, eu briguei
por você, apanhei por você e não faria isso nunca mais, nunca – falou
- não dá, -
falei
- por favor,
fica – falou segurando meu rosto
- me deixa
Fábio, me deixa – falei
- eu te amo,
eu te amo – falou me abraçando
Me desfiz do
abraço dele.
- a câmera
está em cima da cama, eu saio em alguns minutos – falei voltando para o
banheiro
Tranquei a
porta e lavei meu rosto novamente, sequei e passei um pozinho para disfarçar a
vermelhidão do rosto, respirei fundo para que a vontade de chorar não voltasse
e assim que abri a porta do banheiro eu ouvi as pessoas gritando feliz ano novo
do lado de fora, sai do quarto e a Sara veio me abraçando, me beijando.
Tentei
fingir o máximo que eu podia. Não estava fazendo isso por mim, nem por ele,
apenas pelas pessoas que estavam ali para se divertirem, para rir e ter a
certeza de que o novo ano seria bom para todos, não ficar ouvindo brigas e
gritos, não poderia estrar a festa de ninguém.
Tive que
beija-lo para tirar foto, abraça-lo e aquilo estava doendo dentro de mim, tirei
foto com várias pessoas e nelas estava um sorriso que não era meu, um sorriso
falso e encomendado.
A festa
acabou por volta das seis da manhã, todo mundo cansado e alguns bêbados, caiam
sobre o sofá, o chão. A maioria foi embora assim que o sol saiu.
Eu não
consegui dormir, fiquei catando os copos que estavam jogados pelo chão, as
garrafas e os pratos. Fábio não estava no AP, ele havia saído. Chamei a Sara e
resmungando ela levantou, me ajudou a limpar tudo e fizemos um café forte.
Contei a ela o que havia acontecido e ela ficou brava por eu não ter dito
antes.
Já quase
meio dia, até o Sérgio havia ido embora e nos deixado. O Daniel nos ajudou a
arrumar toda a sujeira. Não tomei banho nem nada, apenas coloquei algumas
roupas em uma bolsa e minhas coisas do trabalho e coisas pessoais e sai com a
Sara, iria ficar com ela até as coisas se acertarem.
Na casa dela
eu tomei banho. Estava difícil me concentrar em alguma coisa, não estava com
raiva, se eu dissesse que estava, estaria mentindo; me deitei na cama dela e
enfim eu consegui dormir.
No dia 2 de
janeiro, ele me ligou umas cinco vezes, me mandou SMS e eu não respondi, também
não estava afim de responder tão cedo.
A tarde
nesse mesmo dia eu ouvi a Sara conversando com alguém na sala e fui ver quem
era, e lá estava ele pedindo para falar comigo e ela dizendo que não era uma
boa ideia, que depois conversávamos, e ele insistindo, não me meti, fiquei
apenas escondido.
Já havia se
passado quase dois meses desde que havíamos terminado, ele me mandou várias
mensagens e como sempre eu não respondi, estava apenas ignorando ele. Já que
voltar com ele não seria uma opção, eu resolvi levar minha vida para frente,
não chorei feito uma mulherzinha, apenas encarei tudo com realismo, aconteceu o
que tinha que acontecer e pronto, não há mais o que fazer;
As aulas na
facul voltaram normalmente, eu estava morando com o Sérgio já que ele tinha um
quarto vago, levei parte das minhas coisas e ainda haviam várias no AP que
deixei para pegar depois.
Lá estava
eu, sentado na cantina comendo meu lanche e bebendo meu suco de manga e a uns
30 metros à frente estava ele, conversando com os amigos; Não é drama gente,
mas o Fábio emagreceu bastante, fiquei com dó e a vontade que eu estava era de
ir até ele e beijar, sentir o cheiro e a voz dele no meu ouvido, mas o orgulho
não deixava;
- até quando
vai ficar babando ai – Sara falou sentando
- não estou
babando – falei
- tenho que
concordar que está sim – Daniel falou
- não, não
estou – falei
- por que
você não conversa com ele, se acerta de vez – ela falou
- não dá, -
falei
- claro que
dá, e como dá, você sabe que já perdoou ele, já faz meses que estão assim sem
se falar. O que ele fez foi errado, claro, mas errar é humano. – falou
- não dá
Sara, aposto que se o Daniel fizesse isso com você, ele não teria nem chance de
chegar perto – falei
- você sabe
que ele já fez coisa pior, já brigamos feio, ele sabe que eu já o trai uma vez
e não faria isso novamente, sei o que é precisar do perdão de quem você ama. –
ela disse
- olha cara,
eu não queria me meter não, mas eu vou falar algo que eu vejo. Você ainda ama
ele, e ele ainda gosta de você, não vejo problema em se darem uma nova chance –
ele disse
- sabe o que
eu vou fazer? Gastar essas calorias na academia – falei me levantando
Dei um beijo
na Sara e sai indo para o banheiro. Eu passei perto dele que me olhou e sorriu,
mas eu não retribui o sorriso, apenas passei. Entrei no banheiro e depois na
cabine, coloquei o pau pra fora e mijei. Dei descarga, ajeitei minha roupa e
sai, antes de chegar na pia eu senti alguém me segurar por trás, ele colou sua
boca no meu ouvido e sussurrou devagarzinho: - eu ainda te amo.
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