Não
que eu não goste de ser beijado, agarrado daquele jeito por um homem, longe
disso, mas vindo do Binho, eu fiquei assustado com aquilo. Assim que corri pro
banheiro eu logo tratei de pôr na minha cabeça que era coisa da bebida, que ele
ainda estava sob o efeito do álcool, pensei em um turbilhão de coisas e acabei
desistindo de pensar, olha que coisa, eu pensei em desistir de pensar.
Tomei
o meu banho, tratei de me secar e me vestir no banheiro mesmo, fiquei apenas
sem a camisa, voltei para o quarto e lá estava ele, deitado na cama espalhado e
dormindo, fiquei olhando e era uma visão perfeita, ele espalhado, somente de
cueca. Puxei o lençol da cama, apaguei as luzes e me enfiei embaixo do lençol,
mas tive que tirar a calça foi dormir de calça é um pesadelo, sou assim gente.
Custou
pegar no sono levou algumas horas e quando finalmente consegui, acordei
novamente, agora sentindo algo me cutucar, percebi que o Binho estava de conchinha
comigo, pensei assim “Melhor eu não me mexer”, continuei quieto, com meu coração
quase saindo pela boca de tanto nervosismo, custou novamente para que eu
dormisse, foi um terror que só ter aquele homem ali grudadinho comigo, pior
ainda é sentir seu pau sobre a cueca encostar na minha bunda.
Enfim
com a ajuda do meu bom Deus eu consegui pegar no sono novamente, mas nem me
mexi, continuei naquele posição. Quando o dia amanheceu, eu acordei e ele já
havia desgrudado de mim, respirei aliviado, ele agora dormia com um braço
embaixo da cabeça e uma das pernas dobradas deixando explicito o volume que
tinha dentro da cueca, quase chorei sozinho.
Não
aconteceu nada demais, infelizmente não. Mesmo ele sendo meu amigo e
possivelmente hétero, se tivesse acontecido algo não seria nada mal, Fábio é um
partidão e depois de dois anos convivendo com essa delicia em uma mesma casa,
receber um beijo dele mesmo estando bêbado e esperar que aconteça algo a mais é
totalmente compreensível, mas nem tudo é do jeito que esperamos.
Ele
simplesmente acordou como se nada tivesse acontecido, perguntou o que aconteceu
com ele e por que estávamos naquele motel, expliquei a ele mas sempre com um pé
atrás.
Naquele
dia fomos para casa cedo, minha mãe ficou perguntando o que aconteceu para
querermos dormir fora, tive que explicar tudo novamente. Uma coisa que eu não
entendi até hoje, o meu irmão, João, é um cara bonito, 23 anos, formado em
administração, bem sucedido e com uma namorada de dar inveja a muito, tem seu
próprio apartamento e desde que eu cheguei ele vive na casa dos nossos pais se
metendo na minha vida, implicando com a vida da Dani, juro gente que até hoje
não entendi isso.
Minha
mãe diz que ele tem o mesmo temperamento do meu avô, compreende as coisas mas
fica sempre com um pé atrás, tem sempre que mandar em tudo, mandar em todo
mundo, questionar tudo, acho que isso é coisa de quem não está recebendo amor,
por que não é possível uma porra dessas.
Aquela
primeira semana na minha querida floripa foi bastante tranquila e proveitosa,
sai mais umas 3 vezes com o Breno e claro, todas elas acabaram em seu quarto no
hotel, duas delas com direito a vinho e banho de espuma na banheira.
Um
fato curioso aconteceu no sábado seguinte a minha chegada, depois da primeira
semana. Acordei as nove da manhã como sempre, se passasse disso eu ficaria com
sono o dia inteiro, Fábio estava dormindo no colchão que eu coloquei ao lado da
cama, ele resmungou um pouco, brigou mas eu falei que ele não iria dormir na
cama comigo, primeiro por que ele estava me julgando por algo que eu não fiz,
segundo por ter empatado a minha noite com o Breno e terceiro por dar em cima
da minha irmã, a reação dele foi mais ou menos assim:
-
vai me dizer que tu nunca ficou bêbado? Vai te fuder Davi, eu não vou dormir
nessa merda não, é muita sacanagem velho. Eu juro que a vontade agora é de te
colocar de cabeça para baixo naquela janela – falou com raiva
Eu
ri como sempre e ele ficou com mais raiva ainda. Realmente o colchão não estava
novo, mas serviria para ele por alguns dias. Sei que pode parecer injusto,
ainda mais por ele estar me ajudando nessa coisa toda do Carlos, mas em menos
de uma semana ele me aprontou várias que poderiam levar minha vida de mal a
pior.
Depois
de ter acordado, eu entrei no banheiro, fiz toda a minha higiene e parti para o
banho, sai, coloquei minha roupa normalmente. Ele ainda dormia, eu desci e me
sentei a mesa do café com minha mãe e meu pai.
-
bom dia – falei
-
bom dia meu lindo – falou minha mãe
- não
se esqueça que hoje é o dia da reunião do Carlos – falou
-
juro que eu me esqueci – falei
-
você prometeu que iria se esforçar, me promete que vai nessa festa e vai se
divertir – perguntou
-
tudo bem, eu vou... mas não por ele, pelo Henrique que apesar de ter
desenvolvido um mal gosto horrendo, ainda continua lindo – falei
-
admirando o namorado dos outros irmãozinho, que coisa feia – Dani falou
sentando-se
-
estou apenas fazendo um comentário, e um elogio, nada demais – falei
-
falando em namorado, o que aconteceu com você e o Fábio? Desde que chegaram
aqui parecem distantes, vocês brigaram? – perguntou mordendo o pão
-
brigamos? Jamais, estamos bem, não se preocupe – falei dado um gole no café
-
bom dia – falando no diabo ele apareceu
Fábio
cumprimentou meus pais e sentou-se ao meu lado, virou-se para mim e deu um
beijo em meu rosto perto da minha boca dando bom dia, eu quase engasguei com o
café na boca, não sabia se engolia o café ou se cuspia o coração que estava
querendo sair.
Olhei
para ele com os olhos bem abertos e ele sorriu perguntando se estava tudo bem,
eu balancei a cabeça dizendo que sim e voltei a tomar meu café. Ele estava bem
íntimo do meu pai a ponto de conversarem sobre futebol e mais outras coisas lá
que não são do meu interesse pessoal.
A
campainha tocou e eu me dispus a levantar para atender a porta enquanto minha
mãe comia. Assim que abri dei de cara com o Carlos dando bom dia.
-
onde estão as pessoas dessa casa? – perguntou
- na
cozinha – sorri
- e
você? Como está? Nunca mais conversamos – falou
-
nunca mais? Acho que nunca conversamos, o resumo do nosso relacionamento é
seguinte. Infância Carlos infernos vida Davi, adolescência Carlos inferno vida
Davi, basicamente isso. – falei
- as
pessoas mudam, e eu sou um novo homem, realizado e noivo – falou rindo
-
que emoção, por um minuto eu havia esquecido que você finalmente conseguiu
alguém que achasse algo de bom em você. Não sei se devo parabenizar o Henrique
ou se devo abençoa-lo, pois ele vai precisar – falei
-
suas ironias são combustível para o automóvel da minha felicidade
Ele
falou exatamente com essas palavras. Eu quase enfartei na hora.
-
mais brega um pouco e você seria chamado para o concurso de piadas da Record. –
falei rindo
-
olha Davi, eu vou falar sério, eu mudei bastante e parece que você não está
percebendo isso, não quero mais brigar com você ou coisas do tipo, vamos parar
com isso – falou
-
interessante. Escreve em um pedaço de papel, coloca em um envelope e põe nos
correios, será uma grande recordação para momentos tristes, eu darei risadas
altíssimas. Felizmente minha mãe me pediu para tentar ser um pouco menos
irônico com você, mas eu não consigo, tento mas não consigo, então, com licença
Lindsay – falei
-
você é patético, se tornou uma pessoa amarga e sarcástica, as pessoas odeiam
isso e você não percebe, nem sua família gosta disso em você, vê se acorda –
falou
-
não acredito que finalmente deixou a cara de bonzinho de lado – sorri
-
deixei mesmo, e quer saber? Acho que sua mãe vai adorar saber que o Fábio não é
seu namorado, é apenas um amigo que divide o apartamento com você. Que decepção
– falou rindo
- de
onde você tirou isso? Ainda por cima é mentiroso – falei
-
mentiroso? Não sei se está lembrado do Felipe, moreno, forte, aquele seu amigo
do curso de idiomas, bom, convidei ele para o noivado, conversei com ele e
falei que você estava namorando, até mostrei uma foto do Fábio pra ele e sabe o
que ele me disse? Que ele havia apresentado você ao Fábio em uma festa de
carnaval e que o Fábio era e é hétero convicto, tanto que semana passada estava
com ele e mais duas mulheres em um bar na avenida – falou
Meu
coração ficou na garganta. Felipe é o amigo que me apresentou o Fábio, eles
foram colegas no colégio antes do Felipe vir morar em floripa. Conheci ele em
um curso de inglês que eu fiz a alguns anos atrás. Juro que pensei nunca mais
ver o Felipe, e agora ele aparece assim desse jeito. E o pior de tudo é essa
bicha recalcada se metendo na minha vida.
-
bom, eu poderia passar horas e horas falando como eu fiz o Fábio se apaixonar
por mim, como eu passei noites maravilhosas com ele e como ele conseguiu uma
cicatriz na coxa esquerda, quando ele fez uma tatuagem na virilha, quando ele
faz aniversário, do que ele gosta de comer, enfim, coisas que um simples amigo
não sabe. Semana passada o Fábio esteve comigo e não com o Felipe. Mas quer
saber? Não vou gastar saliva com você – falei nervoso
-
sério? Por que será que vocês nunca se tocaram? Nunca se beijaram? E melhor?
Por que será que a Dani me falou que o vocês andam distantes desde que chegou?
– perguntou
-
deve ser por que ela está tentando dar em cima dele, coisa que você deve estar
querendo fazer já que o Henrique é lindo, mas não sabe proporcionar nada de bom
sexualmente falando e amorosamente também, não dou dois meses pra vocês estarem
se divorciando já que o negócio dele é comer e vazar. E eu vou sair daqui antes
que eu enfiei a minha mão nessa sua cara oleosa – falei virando as costas
-
sua presença em meu casamento é totalmente inoportuna, sinta-se desconvidado –
falou sério
- o
que está acontecendo aqui? – minha mãe perguntou aparecendo
A
veia me deu um susto enorme.
-
nada, só o Carlos que está me desconvidando do casamento dele, só por que eu
falei que o Henrique é do tipo que come e vaza, vê se pode – falei
-
Davi, você me prometeu – ela falou me olhando
Meu
coração apertou, mas a dignidade falou mais algo e o orgulho também.
-
tentei, mas fazer o que? Sou assim – falei
-
tenho que conversar com a senhora e com o Jorge, é algo muito interessante
sobre o Davi – ele falou me olhando
- o
que tem de interessante sobre o Davi? – Fábio falou aparecendo
-
amor, será que podemos não perder tempo com as idiotices do Carlos? – perguntei
-
amor? Sério mesmo que vai continuar com isso? – ele perguntou
-
chega. Cansei, quer saber mesmo? O Carlos está insistindo que Fábio não é meu
namorado, isso é ridículo, tudo isso por que ele era hétero e não é mais, eu já
expliquei a essa cobra da pele oleosa que isso é ridículo, quer provas? Então
você vai ter
Nem
sei de onde surgiu coragem, me aproximei do Fábio e alcancei seus lábios
aproximando os meus, assim como eu ele me beijou com vontade, segurando minha
cintura, estava roubando o meu folego. Estava quase igual a Eliana, chamando o
bombeiro, e por falar em bombeiro, que homem em.
Esse beijo no final...
ResponderExcluirUAU!!!