Ver a Sandra
daquele jeito me fez ficar aflito, eu queria entender o que ela estava passando
e em que eu poderia ajudar, só que ali naquela casa, tudo parecia ter ouvidos.
Sei que ela não iria aceitar ir a outro lugar, não depois do que eu fiz, o
jeito foi arriscar.
- o que
aconteceu? – perguntei caminhando
Me sentei na
cadeira atrás da mesa e fiquei olhando para ela.
- eu não vim aqui
por que decidi ajudar você nessa.... Coisa ai, vim apenas pedir sua ajuda,
desde que você foi embora o pessoal não se mobilizou mais para fazer todas aquelas
coisas que você fazia frente à prefeitura, agora eles querem que deixamos a
vila para construir prédios comerciais – ela disse
- novamente essa
história? Novamente estão querendo comprar a vila – falei
- você é o único
que eu conheço que pode ajudar – ela disse
- Sandra, não sei
como fazer isso – falei
- pare a sua
empresa, peça a eles para nos deixar em paz – falou
- como assim? O que
a ID tem a ver com isso? – perguntei
- vai me dizer
que não sabe? Você ficou cego também? Ou já esqueceu de onde veio? – perguntou
- não, eu não estou
sabendo de nada disso.... Olha, eu prometo que vou verificar, vocês não vão
perder a vila – falei
- você já me
tirou o meu irmão, meu amigo, não me tire a minha casa também – falou
Ela me olhou por
alguns segundos, abriu a porta e saiu. Respirei fundo imaginando quando ela
iria me perdoar, quando ela iria esquecer tudo isso. Peguei o telefone e liguei
para o advogado do Paulo;
- pode falar –
disse atendendo
- sou eu, Paulo.
Preciso que me ajude com algo – falei
- é algo urgente?
– perguntou
- demais, tipo
pra ontem – falei
- ok, passo na
empresa mais tarde – falou
- tudo bem. –
falei desligando
Tudo o que eu
mais queria era ajudar a Sandra, e toda vez que eu pensava que, iriamos nos
aproximar, algo sempre nos afastava, e toda a culpa continuava em cima de mim.
Isaque logo
apareceu perguntando quem era a moça que queria falar comigo e o que ela
queria. Tive que inventar uma desculpa dizendo que era uma candidata a minha
assistente, já que eu precisava de outra pessoa para me auxiliar na empresa.
Confesso que os
dias iam passando e eu me sentindo cada vez mais sufocado, como se algo
estivesse prendendo a minha respiração, a energia que fluía daquela empresa não
era boa e isso me matava. Eu conversei com Joaquim sobre todos os documentos
que eu tinha em relação ao Sérgio estar roubando a empresa, ele pediu cuidado,
tudo o que eu mais queria era expor ele, mas tinha que ter cuidado.
Cheguei na
empresa no horário certo, o advogado já me esperava na minha sala. Sentei-me e
logo lhe expliquei a situação.
- é de se
estranhar que o Sr. Não sabia, é essa empresa que está querendo a compra
daquela vila – ele falou
- eu sei, é por isso
que eu lhe chamei aqui Dr. Ferreira? – perguntei
- A sua empresa
pediu a compra da vila para transformar em um novo centro industrial, muitas
pessoas vão perder as casas, mas também irão ganhar emprego – ele falou
- mas quem mora
lá não terá para onde ir. Eu preciso que o Sr. Pare o processo – falei
- infelizmente
isso não poderá ser feito, o processo já foi aceito, o projeto está em
construção e é apenas questão de tempo até que as coisas possam ser iniciadas –
falou
- quanto tempo
tem esse processo? – perguntei
- uns dois meses,
creio eu – falou
- tudo bem Dr. Ferreira,
qualquer coisa eu entro em contato com o Sr. – falei
Me despedi dele
que saiu da sala. Peguei o telefone e pedi que mandasse os sócios e o pessoal responsável
pela contabilidade da empresa para a sala de reunião. Levei alguns minutos até
sair da minha sala, logo entrei na sala de reunião e fiquei em pé em frente a
cadeira.
- por que nos
chamou aqui Paulo? – Celina perguntou
- eu quero saber,
quando é que, iriam me contar que decidiram fazer uma nova construção e
desabrigar milhares de pessoas, tudo isso pelas minhas costas, e como a
transação do dinheiro foi aprovada sem mim? – perguntei
- você estava
ciente que iriamos construir um local especifico para produção – Celina falou
- sim, mas não achei
que iriam por pessoas para morar na rua, isso é inaceitável – falei
- você fala como
se só você mandasse aqui Paulo, - Sérgio falou
- mas eu mando
aqui sim, eu sou o presidente dessa empresa, é o símbolo da minha família que
está lá fora e eu sou o sócio majoritário, eu dou a palavra final, nunca mais
repitam uma coisa dessas sem a minha autorização, e gostem ou não, eu vou estar
aqui. Enquanto vocês da contabilidade, do administrativo a partir de hoje, transações
de alto valor só poderá ser aceita com minha ordem, espero que esteja sendo
claro – falei
Eu saí da sala
deixando eles lá. Enquanto eu estivesse no comando daquela empresa, não iriam
fazer nada ilegal, nada que pudesse prejudicar outras pessoas. Entrei na minha
sala e logo a Celina veio atrás de mim com o Tiago.
- o que deu em você
lá dentro? Você exagerou – Tiago falou
- me desculpe Tiago,
não exagerei coisa nenhuma, eu não vou permitir que deixem pessoas morar na
rua, passar necessidade, naquele lugar tem pessoas que trabalham lá, que vivem
lá desde que nasceu e vamos simplesmente deixar eles na rua? – falei
- a prefeitura está adiantando o processo de
construção de casas populares para abriga-los, não vão ficar sem casa – ele falou
- quanto tempo
isso vai levar? Em que país você acha que estamos em? Eles não irão receber
essas casas tão cedo se dependerem deles, essa responsabilidade é nossa,
somente nossa, principalmente minha – falei
Perfeito o conto.
ResponderExcluirmaravilhoso
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