A minha vida com o Lucas estava impossível,
eu fazia algo e ele sempre fazendo o contrário, as aulas mal haviam começado e
ele já deu um jeito de ficar no meu pé. No dia da apresentação das turmas, os
professores conversaram e falaram sobre o curso, no meio do discurso ele ficou
jogando pipoca em mim, pois é, ele estava comendo pipoca enquanto a professora
falava, acabou que eu fui expulso da sala com mais de 100 pessoas me olhando.
Fiquei puto de raiva, gritei muito com ele
que riu da minha cara e ainda fez bico me chamando de frangote, de medroso e
disse que a única coisa que eu sabia fazer era reclamar. Deixei ele falando
sozinho e me tranquei no quarto.
A primeira aula foi sensacional, uma mulher
incrível ligada ao mundo da moda nos deu uma dica e também falou como é difícil
viver nesse mundo, que só a criatividade não bastava. Os professores se
apresentaram, falaram de suas matérias e logo em seguida tivemos aula de história,
sim, história, vimos a moda desde os primórdios da humanidade até hoje, toda a
ligação que há entre o passado e o futuro.
Claro que as aulas eram todas em inglês, me
enrolei um pouco apesar de que o meu inglês não era lá essas coisas todas, meu
cursinho que eu fiz estava ajudando, mas iria melhorar com o tempo.
A primeira semana foi bem tranquila, inicio
de curso, estava conhecendo a cidade e tudo estava indo bem até que eu percebi
que teria que procurar um emprego já que estava sem e logo ficaria sem dinheiro
também.
O idiota do Lucas veio me acompanhando, e
novamente ele estava comendo, enquanto eu caminhava em busca de um emprego em
algum lugar, ele comia do meu lado e era assim quase o dia todo, fiquei
indignado em saber que ele não engordava depois de comer tudo aquilo.
Eu entrei em uma lanchonete a duas quadras
do prédio onde moramos e perguntei sobre o anuncio na janela, pediram para que
eu fizesse um teste, fiquei horas e horas no balcão atendendo as pessoas,
enquanto o indivíduo do Lucas conversava com uma garota morena que sorria feio
boba pra ele.
Apesar de tantos esforços, não consegui o
emprego, disseram que eu não estava fazendo direito, mas enfim, a vida é assim
mesmo.
- você estava quase babando naquela garota
– falei
- ela estava babando em mim, a gata pirou
no meu corpo – falou rindo
- você se acha não é? Tá se sentindo o
gostosão – falei
- claro, as gringas adoram os latinos,
sexy, quente – falou rindo
- arf, - falei
- está com ciúmes? – perguntou
- eu? Imagina – falei debochando
Continuamos caminhando e no meio do caminho
acabei encontrando o Luiz, ele caminhava devagar olhando o celular, parei em
frente a ele que levantou a cabeça e assim que me viu abriu um sorriso.
- oi – falou
- e ai – falei
- passeando? – perguntou
- não, estava procurando um emprego, nem só
de pão vive o homem – falei
- pois é, você vai encontrar logo – falou
sorrindo
- esse é o Lucas, meu colega de AP – falei
- prazer Luiz – falou estendendo a mão
- prazer – Lucas falou cumprimentando
- pensei que me ligaria – ele falou
- não queria incomodar – falei
- claro que não, vamos fazer o seguinte,
que tal se saíssemos hoje à noite, poderíamos comer algo, - falou
- uma excelente ideia, - falei sorrindo
- ótimo, me liga então, me informando o
lugar que você mora – falou
- claro – falei sorrindo
Nos cumprimentamos com um aperto de mão e
ele se foi.
- você estava babando por ele – Lucas falou
- vai comer vai – falei
- admiti, você quer o corpo dele – ele
disse
- ninguém diz mais isso – falei
- claro que diz, - ele falou andando
No apartamento eu sentei no sofá e liguei a
televisão, estava passando uma espécie de jornal, continuei vendo, ele foi para
o quarto dele, deitei no sofá e quando me dei conta, estava cochilando, acordei
com o Lucas me empurrando.
- que foi? – perguntei
- você está babando – falou
- idiota – falei
- me diz, por que você quer tanto um
emprego? – perguntou
- por que eu não tenho pai e mãe pra me
sustentarem aqui – falei
- então você veio por conta própria? –
perguntou
- é, eu trabalhei mais de um ano em uma
empresa de moda e guardei meu dinheiro, só que ele não vai durar pra sempre –
falei
- nossa... Ai, se você quiser, pode vender
o seu corpo, eu consigo uns clientes e dividimos meio a meio – falou
Eu olhei pra ele sério, o encarei.
- ei, calma ai, é só uma brincadeira –
falou rindo
- até que não é uma má ideia, eu sou
gostoso – falei pensando
- está bom, para de palhaçada, foi só uma
brincadeira – ele disse
Eu me levantei de onde eu estava e caminhei
até o outro sofá onde ele estava, parei de frente pra ele e segurei em sua
camisa, me sentei em seu colo.
- que tal você ser meu primeiro cliente –
falei mordendo o lábio
- tem troco pra 100? – perguntou
- vai te ferrar, eu não sou puta barata não
meu querido. Idiota – falei me levantando
- você que começou – falou rindo
- eu achei que você fosse ficar com medo –
falei
- medo de você? Só se você tivesse o dobro
do peso e da altura – falou
- palhaço – falei saindo
Caminhei até o meu quarto, na metade do
caminho eu o ouvi gritando:
- volta aqui Dora Aventureira.
A noite eu mandei um SMS para o número que
o Luiz me deixou informando o endereço onde eu moro, ele logo me mandou outro
dizendo “SALVO COM SUCESSO J”. Eu me arrumei e
fiquei esperando ele aparecer na portaria, por volta das 20:00hrs ele apareceu
com uma criança ao seu lado.
- boa noite – falou sorrindo
- boa noite – falei
- eu não queria te mandar uma mensagem
então eu decidi que iria vir aqui pessoalmente, não vai dar para sairmos hoje,
a babá do Adam não pode ficar com ele então.... Vou leva-lo para comer um
hot-dog em uma pracinha. – falou
- é seu filho? Não sabia que era casado –
perguntei
- não.... Não sou casado, minha esposa
faleceu a alguns anos, é uma história complicada. É meu filho sim – falou
sorrindo
- ele é lindo – falei sorrindo
- diz oi para o amigo do papai Adam – ele
falou ao garotinho que sorriu
Eu o cumprimentei. Meu coração foi no chão
ao saber que ele tinha um filho de quatro anos, quase enfartei.
- se você quiser vir com agente, - ele
falou
- será que posso? – perguntei ao Adam
Ele balançou a cabeça. Saímos andando em
direção à pracinha onde ele iria levar o Adam, foram longos minutos de
caminhada até que chegamos, haviam várias barracas de lanches e várias crianças
correndo de um lado para outro, parecia um parque que ficava aberto o ano todo,
simplesmente lindo.
Compramos um lancho e nos sentamos em um
banco, o Adam ficou correndo com os outros garotos.
- então.... Me desculpe eu não sabia que
você era viúvo – falei
- não tem problemas – falou
- deve ser difícil criar uma criança
sozinho – falei
- as vezes sim, você passa a viver por dois
– falou
- mas ele me parece ser uma criança calma,
muito lindo por sinal – falei sorrindo
- ele tem os olhos e o sorrido da mãe. –
falou
- sente falta dela? – perguntei
- me sinto mais culpado do que com saudades
– falou
- como assim? – perguntei
- quando ela estava gravida, decidimos ir
morar perto dos meus pais pois eu trabalhava muito e não poderia estar com ela
todos as horas. Um ano depois do Adam ter nascido, eu conheci um rapaz e acabei
me envolvendo com ele, ela descobriu e correu para a casa dos meus pais, eles
iriam vir conversar comigo quando sofreram acidente de carro no caminho – falou
- você.... Você perdeu seus pais e sua
mulher ao mesmo tempo? – perguntei
- é, eu sinto como se a culpa fosse minha –
falou
- a culpa não é sua, você só, estava
vivendo um sentimento – falei
- tentei levar por esse ângulo e não
consigo tirar da minha mente que por culpa minha eles morreram – falou
- acho que você precisa se envolver com
outras coisas, com lembranças felizes para pôr na sua mente que a culpa não foi
sua, não foi você quem bateu no carro – falei
- você falando parece tão fácil – falou
sorrindo
- acho que precisava escutar isso de alguém
distante – falei
- é, também acho – falou
- além do mais, você é lindo, bem humorado,
logo encontrará alguém que vai te fazer pensar o que eu estou dizendo – falei
- espero que sim – falou me olhando
Seus olhos castanhos eram tão lindos, seu
sorriso aberto me deixou estático, estávamos a menos de um metro um do outro,
eu sorri para ele que continuou me olhando, abaixou a cabeça e logo a levantou
novamente, eu fui me aproximando e me aproximando, encostei os meus lábios ao
dele e o beijei.
Queria que rolasse algo entre Ben e Lucas!
ResponderExcluirMuito bom, que dê certo o lance entre os dois.
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