terça-feira, 10 de junho de 2014

A Identidade - Capitulo 5



Oi? Como assim? Encontrar quem? Essas foram as perguntas que passaram pela minha mente naquele momento, eu não sabia do que se tratava, só me restava uma saída, enrolar.
- quem está falando? – perguntei

- não está reconhecendo minha voz? Sou eu, Felipe. Podemos nos ver hoje à noite? – perguntou
- me desculpe, estou com muita coisa e não estou prestando muita atenção – falei
- bom, me encontra no lugar de sempre hoje à noite, vou estar te esperando – falou
- não sei se vai dar, preciso resolver algumas coisas hoje – falei
- claro que vai dar, espero você lá e sem desculpas, também tenho algo importante para te dizer – falou
- tudo bem então, te encontro à noite – falei desligando
- quem era? – Joaquim falou
- um rapaz chamado Felipe, pediu para que o encontrasse hoje à noite, só que eu não sei onde – falei
- Felipe? Quem é esse Felipe? – perguntou
- se você que é amigo do Paulo eu é quem vou saber? Esperaria que pudesse me dar uma explicação – falei
- calma, não precisa se estressar – falou

- como não? Você me diz que eu e meu irmão somos parecidos, primeiro eu descubro que o coração dele ficava no lado contrário do meu, segundo ele tem inimigos por onde passa, quer que eu me sinta seguro? Calmo? Eu estou me enfiando em um beco sem saída – falei
- está bem, você está certo. Tudo acontecendo muito rápido, mas logo vai melhorar, e olha só, isso tudo aqui é seu, você tem dinheiro, não precisa se preocupar com dividas – falou
- acha que eu por estar dormindo em um colchão de sabe-se lá quanto custou eu vou deixar de me preocupar? Eu tenho família, que a esse momento deve estar comendo o pão que o diabo amassou – falei
- eu não vou mais discutir com você, não por causa disso. Agora temos que nos preocupar com esse tal de Felipe ai, o número veio da empresa, deve ser de algum membro de lá, tem como rastrear o número e saber onde ele estará no horário marcado – falou

- ainda não entendi o que vocês são? FBI, CIA, KGB, me explica Angelina Jolie – falei
- nada disso, apenas uma empresa que lhe dá com tecnologia, nada mais que isso.
- eu vou programar o seu celular e você irá saber onde esse indivíduo anda – falou
- ótimo, agora se puder me deixar me arrumar direito, agradeceria – falei
- não demore, você tem coisas a fazer, precisa aparecer na empresa – falou
- não se preocupe, não irei demorar – falei
Ele saiu do quarto. Entrei no closet e peguei algumas roupas, vesti, ajeitei meu cabelo para que ficasse do mesmo modo que o Paulo usava, passei o perfume, peguei o celular, coloquei no bolso do paletó e coloquei o relógio.

Quando me olhei no espelho, senti uma angustia grande por dentro, não estava me sentindo eu mesmo, estava me sentindo outra pessoa, não estava vendo o Augusto ali, estava vendo o Paulo Augusto, aquele cujo o corpo foi enterrado no lugar errado, só que, ao invés de mim, ele deve ter tido um enterro onde todos choravam de verdade, chorando por ter perdido ele, já eu, havia morrido e nem estado no enterro.
Sai do quarto indo em direção a sala onde o Joaquim estava, ele logo ficou sorrindo comigo enquanto descia. Me aproximei dele e passei direto abrindo a porta.
- está parecendo mesmo o Paulo, ele adorava usar paletó com jeans – falou
- espero que não demore, - falei
- não precisa ficar com raiva, e eu não sou seu motorista particular não – falou
- prefere que eu vá com o motorista? – perguntei olhando ele
- não, apenas acalme-se – falou

Entramos no carro e ele deu partida. Pegamos um engarrafamento, no caminho eu ia imaginando como as coisas para mim estavam ruins, piores do que quando eu dormir e acordava pensando em como iria me virar no dia seguinte.
Logo chegamos a frente de um prédio enorme e muito bonito. Entramos, ouvi pessoas dando bom dia, passei direto e quando ia entrar no elevador com o Joaquim, senti meu corpo ser levado para trás com o tombo, alguém havia batido em mim, olhei para frente para ver quem era e meu coração quase saiu pela boca quando vi a Sandra.
Naquele momento eu só queria morrer de verdade, que diabos ela estava fazendo ali? Ela estava pálida, me olhando como se não acreditasse no que estava vendo. Entrei no elevador e ela não saiu, continuou ali de lado, fingi não conhece-la, acabei ficando nervoso e comecei a apertar a minha mão esquerda, uma coisinha que eu faço quando estou nervoso.

Ela parou o elevador ficando a minha frente.
- por que parou isso, está louca? – Joaquim falou
- é você não é? É você Guto? – perguntou quase chorando
- do que você está falando garota? – Joaquim perguntou
- olha pra mim, é você mesmo, eu sei que é você, ninguém mais faz isso com as mãos além de você – falou
- olha só garota, esse ai é o Paulo Augusto de Alencar brito, dono dessa empresa, ele é conhecido em vários lugares, agora não enche – falou segurando ela
- solta ela Joaquim – falei
- me desculpe, eu explico depois – falei apertando o botão para o elevador voltar a subir
- eu vi você morto, eu vi – ela gritou

As portas do elevador se abriram, eu saí de dentro e Joaquim veio atrás de mim, olhei para trás e ela estava secando os olhos, continuei caminhando e logo uma mulher morena, muito bonita, se aproximou de mim:
- bom dia Sr. Paulo, tivemos ligações ontem o dia inteiro, o Sr. Tem uma reunião as onze com os fornecedores de materiais para a nova remessa, e estão lhe esperando na sala de reuniões – ela falou enquanto caminhava
- peça para aguardarem, e me traga algo para comer – falei andando
A coisa mais fácil naquele andar era identificar a sala do Paulo, grande, paredes de vidro, totalmente arrumada e organizada, a maior dali. Caminhei em direção a ela e abri a porta.
- você está sério demais, - falou

- você queria o que Joaquim? Que eu risse? Pelo amor de Deus, - falei
- era a sua irmã? No elevador? – perguntou
- era ela sim, e não sei que merda ela veio fazer aqui, justo aqui – falei
- ela sabe que você está vivo, sabe que é você aqui. Precisa dar um jeito nisso – ele falou
- você acha que eu não sei? Olha, nos últimos dias você só tem me dito o que fazer, como fazer, onde fazer e com quem fazer, me deixa respirar, eu nem consegui me reconhecer essa manhã. Tem coisas naquele diário do Paulo que eu fiquei com medo de ter lido – gritei

- você tem razão, eu tenho sido chato, mas é que eu não vou deixar o Paulo ter morrido em vão, não mesmo – falou
- só me dá um tempo, estamos em pleno século 21, eu sei o que estou fazendo, só preciso que me mostre o caminho, o resto eu faço – falei
- tudo bem então – falou sorrindo
- Sr. Eu trouxe um sanduíche de peito de peru e um suco de manga – falou Melissa entrando
- obrigado – falei

- e estão esperando o Sr. Com urgência na sala de reuniões, o que eu digo a eles? – ela perguntou
- diga para que esperem, - falei olhando Joaquim
- tudo bem – falou saindo
Eu estava morrendo de fome. Comi e depois entrei no banheiro, limpei a boca bocejando agua e logo sai da sala, Joaquim me mostrou a sala de reuniões, entrou primeiro e depois eu entrei, me sentei.
- você demorou Paulo, mais um pouco e eu estava quase mandando irem te buscar com um pedestal – Celina falou

- você queria o que Celina? Que eu viesse correndo para fazer os caprichos de vocês? Aposto que muitos de vocês não mexem um dedo para fazer nada além de porem uma assinatura treinada em uma folha de papel, não me cobre o que você não sabe fazer – falei
- vejo que sua viagem não foi tão boa assim, e se eu me lembro bem, também sou acionista dessa empresa e não estou aqui para ouvir você reclamando – falou
- acho que deveríamos nos acalmar – falou um rapaz
- claro, como não. Que a rainha comesse falando o que ela precisa – falei

- muito obrigado meu querido. Eu marquei essa reunião pois estamos em dívida com uma agencia de Nova York, estamos devendo 1 milhão em equipamentos que não chegaram – ela falou
- isso é grave, se isso vazar, iremos perder credibilidade com muitos compradores – o rapaz falou
- está me dizendo que, uma empresa que fornece material tecnológico não consegue rastrear a própria carga? Sabe o que isso significa? Falta de responsabilidade, eu quero até as 17 horas a notícia de que essa carga foi encontrada, ou a coisa vai ficar feia – falei me levantando
Sai da sala e voltei para a minha sala. Entrei e me sentei. Logo a Celina entrou atrás.

- o que deu em você em? Está histérico, estressado e rude – ela falou
- rude? Eu chamaria isso de atitude, coisa que não estão tendo – falei
- Celina, preciso falar com o Paulo, nos dá licença? – Joaquim falou
- conversamos mais tarde – ela falou saindo
- que diabos foi aquilo em? – ele perguntou
- estou fazendo o meu papel, não é sobre isso? – falei

- você está bancando o idiota, o Paulo nunca foi assim, ele sempre dava um jeito em tudo, mas não desse jeito – falou
- deve ser por isso que ele foi enterrado com uma bala no peito, por ser bonzinho demais, 1 milhão em produtos somem e você acha que eu deveria sorrir? – perguntei
- estou começando a pensar que foi uma péssima ideia ter colocado você nisso – falou
- está afim de desistir? – perguntei

Ela apenas deu um murro na mesa. Saiu da sala. Não fiquei muito tempo naquele prédio, quando estava saindo, fui abordado pela Sandra que segurou o meu braço me impedindo de andar. Logo um rapaz forte a segurou.
- o Sr. Está bem? – perguntou

- Guto, você tem que me explicar que merda é essa – ela falou 
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3 comentários:

  1. BOM DEMAIS. QUERO VER COMO ELE VAI SE LIVRAR DA SANDRA AGORA.

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  2. parece que paulo não é tao santinho assim e o augusto vai se meter em muita confusao.

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  3. maravilhoso como tudo o que vc escreve

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