terça-feira, 3 de junho de 2014

Meu Hétero Favorito - Capitulo 17



Quando eu falo em futuro desconhecido, não pensem que algo de grave vai acontecer, tudo bem que ficou uma coisa implícita no ar, mas não é nada de tão ruim.
Nos últimos meses aconteceram muitas coisas, definitivamente Fábio e eu somos mais distintos que agua e óleo, temos opiniões diferentes, pensamentos diferentes, mas uma coisa é certa, isso dá um tesão enorme e a química que temos é inegável. Voltando ao que interessa, aconteceram sim várias coisas, os pais do Fábio não ligaram mais para ele o que eu achei totalmente normal devido a situação dele, é algo novo e por mais que tendem a chamar eles de homofóbicos, preconceituosos, é uma situação que não devemos impor, tem que ser respeitado tanto o nosso lado com o direito de sermos felizes independente do sexo, e o lado deles que cresceram com o pensamento de uma vida hétero. Não posso mudar o passado, mas posso fazer um futuro melhor.

Os amigos do Fábio eram mais imbecis do que eu imaginava, já conhecia muitos apenas de passagem, mas agora era diferente, quase todos os lugares que eles iam, o Fábio me chamava e para não bancar o chato, eu ia.
De certa forma era até divertido, eles faziam resenhas, brincavam, conversavam e só tinha de chato mesmo as conversas sobre mulheres e as brincadeiras que passavam dos limites.
Depois daqueles primeiros meses, tudo estava bem tranquilo, Fábio e eu estávamos bem, brigávamos quase toda a semana por algo diferente, como por exemplo: A algumas semanas atrás ele resolveu comprar algo para comermos em um restaurante que foi indicado por um amigo dele, ótimo, eu não pude ir almoçar com ele e disse que ele poderia comer sozinho pois ficaria no trabalho. Quando cheguei em casa à noite, a cozinha estava toda suja, e quando eu digo suja é suja mesmo, pratos sujos, copos e isso me dói no fundo do coração, me dói na alma.

Ele estava no quarto deitado, vendo televisão, brigamos por mais de uma hora, eu reclamei até não poder mais, ele disse que ficou com preguiça de lavar e que teve que sair depois e blá, blá, blá. Mas ai, ele me apareceu com aquela cara de cachorro pidão, uma coisa que eu percebi, não sei se é só comigo, mas, a maioria dos homens quando fazem burrada, fazem aquela cara de cachorro sem dono, e no caso do Fábio eu não sabia se ria ou se perdoava ele pelo deslize;

Eu fiz os dois, eu ri até não aguentar mais e depois nos beijamos loucamente, transamos e eu coloquei ele para lavar os pratos as onze da noite. Pois é minha gente, estávamos assim, brigas e reconciliações deliciosas e ele sabia me perturbar, sabia me deixar louco.
Quem nos via, pensaria que éramos o casal perfeito, mas está longe disso, a alguns dias ele tinha uma reunião e como eu estava super ocupado com um evento, acabei esquecendo de pôr a roupa dele para lavar, lembrando que era a minha semana de lavar roupa, na verdade eu não havia lavado nem as minhas.
Resumindo, ele gritou comigo até a garganta doer, ficou puto mesmo, ainda mais se tratando do trabalho dele que ele tanto ama, venera. Fábio ficou puto e teve que vestir uma camisa do seu tio, só não ficou ruim pois ele é forte, mas enfim, me senti muito mal, mas eu estava tão atolado de coisas que acabei esquecendo.

Ele me chamou de idiota, imbecil, cretino, disse que a vontade dele era de me colocar nu de quatro em cima da cama e me dá uma surra, só que ficou implícito de como seria essa surra, iria amar se fosse do jeito que eu estava pensando, mas enfim.
Tudo passou depois que ele teve a reunião, ficou calmo mas ainda estava de cara feia, e como eu sou um expert em desfazer cara feia, apelei novamente para o velho ditado popular, peixe morre é pela boca. Apliquei o golpe mais uma vez e deu certo. Ai vai uma dica, se tem uma coisa que o ser humano gosta de fazer é comer, ainda mais se for homem, e uma comida bem feita eles perdoam qualquer coisa, quer dizer, depende também né.
Voltando aos dias atuais, estávamos no natal, sim minha gente, eu dei uma acelerada pois não tinha mais nada de interessante aqui [...]. [...] estávamos no mês do natal, toda aquela nostalgia de fim de ano, 2012 estava chegando e papai Noel havia lembrado de mim e me mandou um macho adiantado, na verdade ele estava bem embaixo do meu nariz e eu não percebi.

Faltavam poucos dias para o natal, estava de férias do curso, do emprego e agora era só gastar e pagar em janeiro o dobro do que comprou, kkkkkk.
Lá estava eu, em casa, toda limpinha e cheirosinha, havia chovido na noite passada e nessa noite só estava aquele ar friozinho, gostosinho para dormir agarradinho. A porta se abriu e eu olhei para o lado desviando a atenção da televisão, Fábio entrou e jogou o casaco no sofá.
- cheguei – falou entrando
Eu quase enfartei quando vi os pés dele melado de terra, quase chorei e ainda dei um grito que eu acho que os vizinhos ouviram.
- pelo amor de Deus, não dê nem mais um passo – falei
- o que foi? – perguntou
- não percebeu que seus pés estão sujos? Presta mais atenção Fábio – falei
- calma rainha do drama, irei tirar os sapatos – falou
- rainha do drama é a mãe e anda logo – falei

Ele tirou e colocou ao lado da porta, caminhou até onde eu estava e sentou-se no sofá colocando os pés em cima do meu colo.
- tira pra mim? – falou mostrando as meias
- só sendo seu namorado mesmo pra aguentar tirar suas meias fedidas – falei brincando
- duvido você achar algum odor ai, - falou erguendo contra meu nariz
- tira daqui vai, - falei apertando e rindo
- eu vou colocar meu dedão na sua boca – falou rindo
- idiota – falei apertando com força
Ele levantou e jogou seu corpo contra o meu, mordeu minha boca e apertou meu queixo.
- você é delicioso sabia? – falou beijando meu rosto
- eu sei – falei rindo

- nem parece que já fazem cinco meses que estamos juntos, cinco meses – falou me beijando
- eu sei, o tempo passa rápido e é a primeira vez que eu estou feliz de verdade em um relacionamento – falei
- eu te amo Davi – falou me olhando
Eu tremi naquela hora, desde que começamos a namorar, nunca dissemos um para o outro que nos amávamos, tipo esses casais que começam a namorar hoje e amanhã já estão se chamando de amor. E ele falou isso olhando nos meu olhos, de forma tão tranquila que eu arrepiei até os cabelos do cu que não tinha; no começo eu apenas o olhei sério, deslizei meus dedos pelo seu rosto e enfim eu disse:
- eu sei, eu sou foda

- que porra velho, de novo tu brincando com a situação, que mania irritante Davi – falou levantando e sentando no sofá
Eu comecei a rir dele e logo me levantei, me senti em seu colo, segurei suas mãos e olhei para ele.
- deixa de ser bobo, eu também te amo seu imbecil – falei aproximando meu rosto
- não brinca comigo Davi – falou
- não estou brincando, eu te amo – falei

Ele me segurou firme e me lascou um beijo que quase fiquei sem ar e desidratado, o desentupidor de pia perdia feio. Ele chupou minha boca, beijou meu queixo, mordeu meu pescoço e o chupou o que com certeza deve ter ficado um chupão, mas eu não ligava. Ele tirou minha roupa numa velocidade incrível, fiquei somente de cueca e ele ainda de calça, estávamos no maior amasso quando a campainha tocou.

Depois dessa eu pensei várias vezes em quebrar a campainha, mas ai eu lembrei que iriam começar a bater na porta e do jeito que as pessoas são educadas era capaz delas esmurrarem e não baterem educadamente. Eu sentei no sofá e Fábio foi atender, ele abriu parte da porta mas o seu pai entrou com tudo dizendo que queria conversar com ele, olhou pra frente e me viu de cueca no sofá com a cara mais chupada do que laranja em promoção.
- preciso... preciso falar com você – ele disse voltando a olhar o Fábio
Aproveitei e coloquei as almofadas na frente no do meu corpo, não que eu tivesse vergonha, jamais, só que eu não iria ficar quase nu ali na frente do pai do Fábio que estava com a cara mais feia que chuchu de fim de feira.

- o que o senhor quer? – Fábio perguntou
- a sua ela... ela está no hospital – falou
- o que aconteceu? – ele perguntou
- ela teve outro surto e acabou tomando aqueles remédios para dormir – ele falou
- e por que não ligou? – Fábio perguntou a ele
Eu fiquei apenas de camarote vendo tudo, claro que eu não iria me meter nessa coisa de pai e filho, ainda mais sabendo que as coisas entre eles não estavam nada bem.
- Fábio, eu vim até aqui para falar pessoalmente, você queria que eu ligasse? É sua mãe – ele falou
- agora é minha mãe? Quando me disseram que eu era estranho, que eu não merecia o amor de ninguém não perceberam que eram meus pais, você parou de me ajudar só por que eu estou namorando outro homem, você tirou o meu carro e nem sequer ligou pra mim em todos esses anos. A mamãe ela nem olhava direito pra mim com aquele nariz empinado que ela tem, quer saber? Eu não ligo. – falou
Acho que eu nunca o vi tão nervoso como naquele dia.

- olha lá como você fala de mim e da sua mãe seu moleque – o pai dele gritou
- moleque? Acho que você não percebeu que eu cresci, e eu estou na minha casa, vivendo a minha vida, se quiser pode sair por onde entrou – falou dando as costas
- Fábio – chamei ele
Fábio voou para o quarto sem nem ao menos ligar para quem estava ali, o pai dele ficou me olhando sem graça.
- ele sabe onde é o hospital – falou me olhando
- não se preocupe, ele aparecerá – falei
- vocês adoram se fazer de bonzinhos não é? Só para ver se as pessoas mudam o pensamento, mas não é assim que funciona – falou
- não estou me fazendo de bonzinho, estou sendo educado, coisa que você parece não ter aprendido. Agora se, se sente incomodado, a porta da frente é a serventia da casa – falei
Ele passou fechando a porta. Ele assusta e muito, mas eu estava mesmo era preocupado com o Fábio. No quarto ele estava no banheiro, estava tomando banho.

Fiquei esperando ele sair, e logo ele me viu sentado na cama olhando em sua direção...

- o que foi? – perguntou
- você vai ver sua mãe – falei
- não, eu não vou – falou
- Fábio, deixa de ser infantil. – falei
- não é infantilidade, eles me odeiam, não estão nem ai pra mim, eu morei parte da minha vida na casa dos meus tios, agora que ela está surtando novamente me quer por perto? – falou

- não importa o que ela fez ou que faz, ela continua sendo sua mãe, você tem a obrigação de ir lá, mesmo não gostando. Família não se deixa na mão, mesmo errando... olha Binho, eu não vou obrigar você a ir ver sua mãe, se quiser ir, vá, mas, mesmo ela não sendo a melhor mãe do mundo, merece saber que você a ama, que se preocupa e que não é o que ela pensa. – falei me levantando
Ele ficou me olhando quieto, colocou a roupa de dormir dele e deitou na cama. Ele passou o restante da noite quieto, não falou nada, apenas ficou quieto, eu voltei para a sala e fiquei vendo televisão enquanto ele comia no quarto.
Fomos dormir e ele virou para um lado e eu para o outro. Era chato brigar com alguém, ele obviamente estava chateado ou possivelmente com raiva, mas, ele tinha que entender que família é família, não importa como seja, como agem, é sempre ela que nos apoia nos pires momentos e nos melhores elas sempre estão lá.

Eu acordei a noite e ele não estava na cama, procurei ele pela casa e ele não estava. Voltei a cama e logo cai no sono. Pela manhã eu estava fazendo um cafezinho básico quando ele entrou em casa, apareceu na porta da cozinha.
- bom dia – falou calmo
- bom dia – falei
- eu... eu fui ver a minha mãe – falou
- e? – perguntei
- e ela está bem, só teve um probleminha com os remédios dela – falou
- que bom – falei
- obrigado – falou
- o que? – perguntei
- obrigado pelo o que falou, eu estava agindo como um adolescente – falou
- eu sei... senta ai e come alguma coisa – falei
- eu vou tomar um banho e dormir um pouco, estou com sono – disse
- tudo bem – falei


Ele se aproximou e segurou minhas mãos, enlaçou os seus dedos nos meus e me beijou. Fábio olhou nos meus olhos e me abraçou forte, beijou meu pescoço e sussurrou no me ouvido “Eu te amo”.  
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