- o que você pretende fazer? – Lucas
perguntou
- eu vou com ela, acho melhor vocês
continuarem a viagem – falei
- eu volto com você, para não ficar sozinho
– falou
- não precisa, eu acho que é o momento
certo para pensar sozinho – falei
- bom, e quando você vai? – perguntou
- pelo o que o médico disse, no máximo
amanhã cedo estaremos voltando – falei
- tudo bem então. Seria bom você falar com
seu pai, sei lá, esclarecer as coisas – falou
- ele está bastante chateado e não tiro a
razão dele, acho que.... Se eu fizesse isso, seria pedir demais – falei
- também acho – falou
Quando o Lucas me ligou dando a notícia,
meu coração quase foi para fora da boca, eu vesti minha roupa com o Ricardo ao
meu lado perguntando o que estava acontecendo e eu não conseguia explicar, só
sabia que tinha que estar no hospital.
Ele queria me levar mas eu recusei, não
queria ter que criar laços com ele novamente, não quando a minha vida estava
finalmente indo pelo caminho certo. Peguei um taxi que me deixou no hospital, a
Maria estava muito mal, o novo tratamento não estava trazendo o efeito desejado
e ela teve reações negativas o que a deixou inconsciente por algumas horas.
Não tive sinal do meu pai, acho que ele não
iria aparecer no hospital, do jeito que ele era teimoso e orgulhoso, não iria
mesmo aparecer ali. Fiquei a noite toda dentro do quarto sentado na poltrona
esperando para ver se ela acordava, somente quase duas da manhã ela finalmente
acordou, as enfermeiras deram o remédio e água, eu falei pouco com ela, ainda não
conseguia colocar na cabeça que aquela mulher era a minha mãe, mulher essa com
quem eu passei quase dois anos da minha vida sem me dizer nada, nem mesmo um
sinal de que poderia mostrar que havia mais do que afeto entre uma professora e
um aluno.
Sai da sala enquanto o médio examinava ela,
os efeitos foram fortes e atingiram boa parte do corpo, o câncer estava ativo
no corpo dela, sentia meu chão ir sumindo, não sabia o que fazer, o que sentir.
Na manhã seguinte ela conseguiu autorização para voltar para Londres, iria
ficar internada na clínica onde o médico dela trabalhava. Resolvi que voltaria
com ela, não iria deixar ela sozinha.
Falar com meu pai que não foi fácil. Cheguei
na casa dele e o mesmo estava bebendo sentado no sofá como sempre fazia quando
estava chateado.
- não perdeu o costume – falei sentando
- por que perderia? – perguntou
- eu estou voltando para Londres com a
Maria – falei
- não esperava menos, ela me deixou e agora
você, bom, acho que não mereço o amor de ninguém – falou
- pai, não é isso. De qualquer forma eu
voltaria para lá, tenho que terminar o meu curso, gastei todo o meu dinheiro
nele e não quero perde-lo, tenho que ter uma profissão, tenho que ter um
futuro. Não esperava que isso tudo fosse acontecer, mas não vou deixar ela
sozinha, ainda mais doente – falei
- se você quer ir, então vai. Não posso te
impedir. Só toma cuidado, pra ela não te magoar de novo – falou
- ela não pode quebrar o que já foi
espedaçado – falei
- se cuida viu – falou me olhando
Eu me aproximei dele e o abracei como nunca
tinha feito antes.
- vê se tira essa barba – falei
- eu acho ela bonita – falou
- te deixa com cara de tarado, e não quero
chegar aqui e ter uma dúzia de irmãos – falei
- está com medo? – perguntou
- não, só não quero perder o meu quarto –
falei rindo
Senti que ele ficou chateado, muito mesmo. Ele
não era de mudar de ideia fácil e eu senti ali que iria doer muito deixar ele
de novo. Não me despedi do Ricardo, não queria e não poderia, era como apertar
a faca que estava enfiada dentro dele, a faca que eu coloquei lá dentro. Apenas
fui embora, deixando tudo novamente para trás.
Um mês depois, ainda em Londres, Maria
estava melhor, não estava cem por centro, mas estava bem. Uma nova diretora foi
contratada para ficar no lugar dela na empresa enquanto ela ficava em casa
descansando devido ao tratamento antigo.
Passei a falar com ela a cada dois dias,
seguia a minha vida normalmente, ia ao trabalho, fazia os meus trabalhos do
curso e voltava para casa. Aquele mês foi de puro silencio, não o silencio que
se sente quando tudo fica tranquilo, o silencio de que nada demais estava
acontecendo.
Recebemos do curso os últimos ultimatos, teríamos
os próximos cinco meses para preparar o desfile, o que nos deu todos os meses
de folga, não iriamos ter mais aulas, apenas consultoria com os tutores e tudo
mais.
Naquele dia, sai do trabalho e fui visitar
a Maria, ela estava sentada no jardim da casa desenhando, me aproximei e olhei
os desenhos que era fantástico como sempre.
- pensei que não viria – falou
- estava terminando algumas coisas – falei
- coisas importantes? – perguntou
- mais ou menos – falei
- entendi. Ben, por que você não vem morar
comigo? – perguntou
- acho que já conversamos sobre isso –
falei
- eu sei. Mas você é meu filho, eu já te
expliquei o porquê de eu ter ido embora, de eu ter escondido de você – falou
- não vamos voltar a esse assunto, eu vou
ficar com o Lucas – falei
- ele pode vir pra cá também, não tem
problemas – falou
- acho melhor paramos por aqui – falei
- tudo bem – ela disse
- senhora, é o Dono da Jackson High no
Canadá, o colégio foi incendiado – falou uma das empregadas entregando o
telefone
Maria falou ao telefone com o homem por
alguns minutos. Eu fiquei olhando os desenhos enquanto ela conversava. Logo terminou
e entregou o telefone a empregada que entrou na casa.
- o que aconteceu – perguntei
- essa escola é uma das escolas que minha
empresa tem parceria e oferece cursos diversos para as crianças, houve um incêndio
no laboratório de ciências e não conseguiram conter o fogo, a escola foi perdia
e o diretor morreu no incêndio juntos com dois professores – falou
- nossa, que tragédia – falei
- pois é, uma perda grande. Imagino a família
dessas pessoas, como não se sentem – falou
- pois é. Bom, eu.... Eu tenho que ir, vou
continuar com o projeto, do desfile – falei
- vocês já decidiram o conceito? –
perguntou
- sim, os sete pecados – falei
- um conceito bastante complexo – falou
- é, mas até agora tudo está saindo como
esperamos, - falei
- se precisar de algo, me avise – falou
- fica bem – falei beijando a testa dela
Em casa eu estava sentado conversando com o
Lucas quando passou a notícia no jornal sobre o incêndio que houve na escola,
pessoas chorando e lamentando a perda do diretor e dos professores. Lucas logo
tirou, ele disse que não gosta de ver essas coisas pois acaba se sentindo mal
também.
Naquela noite reunimos o pessoal para falar
do desfile, montamos a estrutura do palco, selecionamos os croquis que iriam
entrar no desfile, mas, ainda faltava muita coisa, não iriamos ter recursos o
suficiente para fazer o evento que desejávamos, até por que já havíamos investido
todo o dinheiro que tínhamos e o que o pessoal conseguiu. O jeito era conseguir
patrocínio o que seria difícil, ainda mais se tratando de desfiles amadores
onde as empresas participantes não poderia patrocinar.
Foi uma semana difícil, correr atrás de patrocínio,
trabalhar no projeto e resolver as tarefas do trabalho, cheguei em casa
cansado, tomei um banho quente, coloquei meu casaco quentinho e minha calça de
moletom, sentei no sofá com um pedaço de torta salgada, Lucas ficava me olhando
e me chamando de guloso enquanto assistíamos series que passavam na televisão,
bateram na porta, Lucas levantou e abriu a porta, depois me olhou e abriu ela
toda, vi o Adam me olhando quieto, em pé na porta e uma moça atrás dele.
Me levantei e ele correu me abraçando minha
cintura e chorando. Não entendi bem o que estava acontecendo, tentei falar com
ele que não me respondeu, apenas chorou, levei ele até o quarto e o coloquei na
cama, deixei o Lucas com ele e conversei com a moça que me disse que o Luiz havia
morrido no incêndio da escola no Canadá a uma semana atrás e que eu era a única
pessoa que o Adam queria ver.
triste o luiz ter morrido vai fazer muita falta pro adam mais tenho certeza que o ben vai cuidar muito bem dele.
ResponderExcluirNa hora que falou desse incêndio imaginei o luiz mais eu tenho certeza que o lucas vai tomar conta do adan e vai ficar com a guarda dele e eu estou torcendo muito pra que bem fique com o ricardo não achei certo a recaida e tals mais não vou julgar que foi errado foi ter deixado o pobre coitado mais uma vez .
ResponderExcluirO luiz morreu :(
ResponderExcluirQuê tragédia....
ResponderExcluirQuando eu li a parte do telefonema que a Maria recebeu falante sobre o incêndio eu já sabia que era o Luiz :/ Tadinho do Adam. Acho que o Ben vai ficar com o Adam. E tomara que voltebom o Ricardo também, rs. Capítulo perfeito *-*.
ResponderExcluirChocado! Está cada vez mais perfeito e intenso. Parabéns!
ResponderExcluiramamos seus contos, ta de parabens sei que nao tem o mesma quantidades de comentarios.. mas é normal acho que o pessoal tem preguiça de fazer conta ou seila.. se tivessi como fazer um sistema mas simples de cadastra tipo igual ao "casa" o pessoal comentaria mais sei la.
ResponderExcluirQue triste o Luiz ter morrido.
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